sábado, 21 de março de 2009

Bancos devolvem dinheiro ao Estado

É esta diferença de atitude que fará com que, enquanto na Europa iremos andar nos próximos tempos a lamber as feridas da crise sem saber o que fazer com ela, os EUA recuperarão e voltarão a colocar a sua economia no lugar preponderante onde foi parar depois da crise de 1929.

SUBVERSÕES DEMOCRÁTICAS

"Apesar das contingências de quem governa e da necessidade de manter e de gerir equilíbrios que salvaguardem os interesses colectivos, não podemos deixar de afirmar as convicções em que acreditamos e devemos condenar aqueles que afrontam os mais básicos princípios da dignidade humana e das liberdades e garantias de cada cidadão.(...)
Note-se que os países referidos são dos mais corruptos do mundo, não são considerados países livres, têm enormes desigualdades sociais, têm milhões de pessoas que vivem em pobreza extrema e têm dirigentes com uma noção muito “própria” sobre democracia.A importância das relações bilaterais, económicas e financeiras, entre Estados fazem esquecer as profundas fragilidades democráticas e injustiças sociais destes países?
Parece-nos que não…." - Berto Messias in Diário Insular
Confesso que, na generalidade, acho os artigos do Berto Messias textos com pouco interesse, revelando muitas vezes, em minha opinião, um grande desconhecimento do mundo real e algum deslumbramento pelo poder.
Daí destacar o que aparece hoje no Diário Insular, por me ter surpreendido pela positiva. Ao distanciar-se de algumas das más companhias do PS revela ter princípios que preza e até alguma coragem. E isso é merecedor de nota.
Mas como PS nacional é uma coisa e regional é outra, fico com duas dúvidas para as quais não encontro resposta no texto: será que teria a mesma coragem se o alvo fosse Carlos César e por quem mais fala ao escrever "Parece-nos que não…."?
É que se fala por mais alguém e não apenas por ele próprio, existe alguém que por algum motivo não quis ou não pôde dar a cara para exprimir a mesma opinião.

IVA com Recibo

O Diário Insular vem no seu Editorial de hoje falar dos prazos de pagamento e do problema que é o pagamento do IVA com a Factura e não com o Recibo, como se fossem problemas que passaram a existir com a crise actual, quando na realidade são dois verdadeiros cancros que já existiam e tudo indica que irão continuar a existir, com crise ou sem ela.
Pena é que, quando decorreu a recolha de assinaturas em 2008, promovida pelo Movimento Cívico IVA com Recibo, não tenha publicado uma linha que fosse sobre o assunto.
Como parece estar mal informado posso adiantar àquele jornal que a Petição foi entregue na Assembleia da República e que, se estivéssemos num país onde o Estado fosse o primeiro a cumprir as leis que publica (recomendo uma consulta da legislação sobre Petições no site da AR), o assunto já deveria ter sido discutido. Mas não morreu nem não está esquecido.
É óbvio que com a inevitável queda de receitas fiscais que se verifica este ano o Estado, guloso, gordo e falido, na pessoa do Governo foge do assunto.

PECADOS CAPITAIS (8)


2. AVAREZA
2.4. USURA

"Deve-se evitar pedir dinheiro emprestado, diligenciando por viver de acordo com aquilo que se ganha. Todo o empréstimo condiciona a liberdade do devedor. Porém, a vida nem sempre é simples e uma pessoa pode ser levada pelas circunstâncias a pedir ajuda económica. Se for a um amigo, este não cobrará juros, sentindo-se até insultado com alusões neste sentido.
Nas relações próximas, percebe-se bem porque é que os juros e a usura ensombram a moralidade, mesmo quando se perspectivam os factos do lado de quem empresta. É óbvio que emprestar dinheiro a um amigo, sem cobrar juros, é um acto meritório; contudo, a tentação de subjugar será constante; por exemplo, se quem empresta achar que o dinheiro emprestado está a ser mal gasto.
A maior parte de nós endivida-se para adquirir bens inúteis. Hipotecamos, assim, a nossa liberdade, tendo que viver para trabalhar para pagar os juros aos bancos. Neste caso, há um contrato, o que, de certo modo, alivia as tentações morais, na medida em que a nossa relação com os bancos não é pessoal – digamos que saímos do nível do coração/moral para o nível da razão/política.
Mas até onde é legítimo ganhar dinheiro emprestando dinheiro? Esta não é uma relação igual, mesmo que o contrato seja assinado entre adultos: um dos contratantes produz trabalho; o outro não. Até que percentagem é lícito subir os juros? E será aceitável que um empréstimo para uma doença seja tratado de modo igual a um empréstimo para habitação, e a um terceiro, para um negócio?
O liberalismo é superlativamente defeituoso. Aproveitando-se da fraqueza humana, que espicaça, dá origem a sociedades onde a riqueza perde a relação com o trabalho e com a realidade. Cai de podre." - Mário Cabral in Diário Insular

domingo, 15 de março de 2009

Praia de empresas

"Não tenho a menor dúvida quanto a isso. Reconheço que a Praia nunca soube explorar convenientemente o seu porto e o seu aeroporto. Um concelho que possui estas infra-estruturas apresenta-se com um nível de progresso enorme. Isso não acontece na Praia. No caso do porto, é essencial consolidar-se uma plataforma logística terrestre que garanta uma nova centralidade em toda a rede de transportes marítimos açoriana…" Roberto Monteiro in Diário Insular.
Nesta entrevista Roberto Monteiro revela mais a seu perfil profissional que o político. Tem conteúdo, praticamente não bate na oposição e, em comparação com a entrevista que a sua correlegionária de Angra deu ao mesmo Jornal há umas semanas atrás, demonstra porque existem tantas diferenças entre os dois concelhos.

sábado, 14 de março de 2009

PECADOS CAPITAIS (7)


2. AVAREZA
2.3. A RIQUEZA DAS NAÇÕES

"Afirma-se à boca cheia que as nações devem ser ricas. Uma nação não tem de ser rica mas feliz. Nada garante que as nações mais ricas sejam as mais felizes. Um país pode ser mais feliz quando pobre do que o contrário.
A felicidade significa ter um sentido para a existência; quanto mais coerente e amplo ele for, quanto mais perfeito. O sentido organiza o naipe de valores culturais de um povo, quadro de referências indispensável à sobrevivência espiritual do indivíduo.
No plano estratégico, compreende-se que uma nação deseje ser rica. A riqueza traz poder e uma civilização de valores elevados pode ter que defender-se da barbárie; e até procurar expandir-se.
O problema surge quando a riqueza das nações não se fundamenta num sistema de valores; então, o poder e a riqueza valem por si mesmos, o que indicia que a decadência se aproxima, expressa no desespero existencial.
Algo assim devasta a Europa. Portugal deveria abandoná-la já, pois que devido à ganância dos subsídios, fundos de coesão e quejandos, está a perder todos os valores referenciais próprios, desfigurando o rosto.
Por causa da abominável plutocracia que nos subjuga, fomos perdendo poder decisório e independência real. As leis vêm de fora, do abstracto, são incompreensíveis, não estão vinculadas à realidade concreta da experiência humana, o que aponta para a tirania.
Esta doença começou na Geração de 70, o pior momento da história lusa, quando, como cães, nos virámos à própria cauda. É insuportável ouvir um português vender a Pátria, por não entender a supremacia cultural do sul, em relação à fatal avareza do norte, que está a acabar com o pouco que sobra daquilo que outrora foi a grande civilização ocidental." - Mário Cabral in Diário Insular

sexta-feira, 13 de março de 2009

Dados do INE e do Banco de Portugal

Estes dados do INE provam que mesmo sem crise global, em 2008 estávamos a entrar em recessão. Aquela apenas veio acelerar, no último trimestre, o que já era uma tendência ao longo de todo o ano de 2008 e que só não sentiu quem não vive na economia real. O nosso problema é estrutural e não será tão cedo que irá ser resolvido.

É só crâneos no BCE

Depois do JTC é a vez deste senhor, que tem um nome impronunciável (Nout Wellink), vir brindar-nos com esta pérola: membro do BCE prevê primeiro trimestre "muito mau". Pelas minhas contas vamos entrar na última quinzena do 1º trimestre. Como gostava de arranjar um emprego destes...

quinta-feira, 12 de março de 2009

quarta-feira, 11 de março de 2009

Depois da Oposição o Governo

Parece-me que alguns aspectos daquelas propostas mereciam uma resposta mais clara, nomeadamente a questão das linhas de crédito abertas para apoio às empresas. É que quem optou por pagar salários e a fornecedores para manter actividade e não pagou impostos e Segurança Social, fica de fora.
Conclusão, as linhas de crédito vão ser úteis a dois tipos de empresas: às que não têm problemas, nomeadamente de tesouraria, e às que tendo problemas optaram por não pagar salários e a fornecedores, optando por pagar ao Estado.
Parece-me, portanto, que faz sentido permitir que o primeiro grupo de empresas que referi tenha a mesma oportunidade de regularizar a sua situação em relação ao Estado, que teve o terceiro grupo em relação a trabalhadores e fornecedores recorrendo às linhas de crédito apoiadas pelo Estado.
Ou será que os trabalhadores e os fornecedores, enquanto credores, são de menor importância que o Estado?

terça-feira, 10 de março de 2009

Incêndio em navio na Praia da Vitória

Por estranho que possa parecer a notícia mais interessante que encontrei hoje na imprensa local foi a do incêndio no navio porta-contentores no porto da Praia da Vitória. Deformação profissional que não posso evitar.
O acontecimento é muito interessante por três razões distintas:
1ª - O fenómeno em si
2ª - O seu combate
3ª - A análise de causas e consequências do fenómeno
Em relação ao fenómeno, devo dizer que apesar de todo o azar foi uma sorte o incêndio ter ocorrido com o navio atracado. Em alto-mar a probabilidade de ser fatal é sempre muito grande.
As causas do incêndio podem ser inúmeras. Uma coisa é certa: em dado momento estiveram em presença os três elementos do triângulo do fogo (combustível, comburente e energia de activação) e a inflamação aconteceu.
Depois de se criarem as condições para a formação do tetraedro do fogo, e para isso é preciso que se atinjam temperaturas que mantenham a reacção em cadeia, em poucos minutos a situação torna-se incontrolável. Num navio existe tudo para que o risco de incêndio seja sempre elevado e para que, depois de acontecer se torne fatal: grandes cargas térmicas, tintas, vapores e gases e espaços confinados. Estes últimos proporcionam a formação de atmosferas perigosas, mesmo em situações que não envolvem fogo.
O combate deste tipo de incêndios é por regra complexo, quer devido às altas temperaturas que se atingem no interior do compartimento de incêndio, quer devido à formação de gases e vapores que são muitas vezes, além tóxicos, altamente inflamáveis.
É comum encontrarmos em navios sistemas de extinção automática com recurso a espumas. Não sei se seria o caso deste. Tratando-se de um espaço confinado, as espumas de alta expansão são o meio mais eficaz para a extinção do incêndio. Estas espumas são caracterizadas por uma grande capacidade de absorver energia. O abaixamento das temperaturas que provocam, aliado à asfixia que se pode provocar mantendo fechado o compartimento de incêndio, acabam por permitir a sua extinção. O processo pode ser mais ou menos lento em função de vários factores, como sejam, por exemplo, o volume do compartimento de incêndio e a carga térmica em presença.
No caso presente o incêndio teve início ontem e hoje de manhã ainda não estava extinto.
Quanto à análise de causas e consequências, certamente quem a fizer começará pelas causas e sem conhecer o caso em concreto tudo o que possa dizer não passará de especulação.
Já quanto às consequências há uma que é inevitável: aquele navio terá de sofrer uma reparação enorme, se não ficar mesmo irreparável.
É que os navios hoje em dia são de aço e este material tem um péssimo comportamento ao fogo. Quando sujeito a temperaturas acima do 350 ºC perde a maioria das suas características químicas e mecânicas e, quando isso acontece, o destino do aço é a sucata.
Pelo que ouvi na rádio, foi feita a monitorização da temperatura das anteparas do navio durante o combate ao incêndio e ontem registaram valores de 500 ºC. De manhã já eram só de 50 ºC.
Já agora, ºC são graus Celcius e não centígrados. Centígrada é a escala dos graus Celcius. É só um pormenor, mas é uma das vulgares asneiras que se ouvem a par do bilião.

segunda-feira, 9 de março de 2009

Como estará o tempo no planeta em que vive Trichet?

"Trichet relembra também o papel fundamental dos bancos centrais que "foram extraordinariamente activos na organização de uma linha de defesa colocando liquidez à disposição" dos mercados. Também os institutos de emissão foram na sua opinião "extremamente eficazes". Dá como exemplo o BCE que nos últimos meses tem baixado sistematicamente a sua taxa de juro de referência visando evitar a penúria do crédito." - in Notícias RTP
Continua a delirar. Nos últimos tempos os papéis inverteram-se e hoje é a Euribor que serve de referência à suposta taxa de referência de BCE. A prova foi a primeira descer abaixo dos 2% antes da segunda. Alguém quer fazer uma aposta para qual das duas irá descer primeiro abaixo dos 1,5%? Não valem apostas para a taxa a 1 mês pois essa já há alguns dias que está abaixo daquele valor.
Será que ninguém manda para casa este homem que, a par da banca, é um dos grandes responsáveis pelo estado em que a economia europeia se encontra?

Querido líder fez o pleno

O último grande líder eleito por 100% dos votos acabou na ponta duma corda no Iraque. (foto tirada daqui)

Lucros do Banif

Apesar de terem caído 41,4% os lucros do Banif chegam aos 59,2 milhões de euros. Ao que parece, pelo que se pode ler na imprensa, os clientes não foram os responsáveis por estes resultados, já que os montantes em depósitos aumentaram e os juros cobrados pelo banco a estes mesmos clientes também.
Fico curioso quanto a um aspecto: será que a integração do BCA/Banif-Açores no grupo ajudou a compor estes números?
Tenho saudades do BCA.

Janela indiscreta para o ninho da Renata

Para quem tiver curiosidade de saber como é o quotidiano num ninho de cegonha, esta webcam dá-nos imagens online do ninho da Renata. Era interessante algo do género com cagarros, já que por cá não temos cegonhas.
(imagem tirada daqui)

Foi Deus quem as criou

Ontem foi o Dia Mundial da Mulher e em muitos blogs li a frase que usei como título. Mas, como em muitas outras coisas, até com esta coisa de se ser criado por Deus é preciso ter alguma sorte e não lhes calhar um Deus menor. Que Deus será esse que permite que coisas como esta aconteçam?
Apesar de um dia depois, aproveito para também deixar aqui a meu apreço público a todas, em especial a duas muito especiais: minha mãe e minha esposa. Nada paga a sua capacidade de abdicar em favor dos filhos e de todos os que lhe são caros.
(imagem tirada daqui)

sábado, 7 de março de 2009

JCT continua a descobrir a pólvora (1)

Depois deste post que publiquei após JCT ter descoberto a pólvora, fui eu que descobri quanto ele ganha por ano. Fiquei agora com a certeza que com menos custos poderíamos ter à frente do BCE alguém menos patético.

PECADOS CAPITAIS (6)


2. AVAREZA
2.2. AS DORES DO RICO

"Ser rico não é um mal em si. No campo político-social, o rico pode ser uma ajuda comunitária na dinamização económica; na criação de emprego, por exemplo. Também é frequente o rico ser mais refinado que o pobre. O dinheiro compra muitos bens, entre eles a finura dos salões.
O rico pode ter uma conduta moral imaculada. Pode ver-se obrigado a ser rico por responsabilidade familiar, sacrificando um secreto desejo pessoal de independência face aos trabalhos de manutenção da fortuna. O rico pode ser um verdadeiro pobre no seu íntimo.
Mesmo assim, é um acrobata que atravessa um fio sobre um abismo sem fundo. Talvez chegue ao outro lado com elegância e coragem. Mas a paz interior custa a residir na alma do rico mais idóneo.
Para começar, as preocupações não lhe dão descanso; não tem tempo para mais nada. Nos melhores casos, em que é uma espécie de artista, investe, apaixonado, todas as suas energias no jogo do mundo, que é o mais instável que há, prova-o a situação da economia actual. O rico sabe-o bem e torna-se nervoso.
Para além disso, é natural à condição humana não parar a não ser no infinito e o rico tende a converter este horizonte em dinheiro. A riqueza vicia. A fome deste vício chama a tentação de ultrapassar barreiras morais, como a exploração do pobre.
As sociedades humanas estão organizadas de modo ao dinheiro dar poder. O poder sobre outrem leva à crença na superioridade, e à intolerância. O rico é conduzido a supor que o pobre é um chimpanzé.
Há ainda a desconfiança. «Só gostam do meu dinheiro», pensa o rico dos próprios filhos. Ou: «Vou ser roubado», em relação aos sócios.
O rico tende a ser cínico face ao Amor. Troca os valores absolutos pelos relativos." - Mário Cabral in Diário Insular


quinta-feira, 5 de março de 2009

BCE baixa de novo taxa de juro

"Os preços têm no entanto vindo a descer de forma menos acentuada na zona euro do que nos EUA ou no Reino Unido, devido à inflexibilidade dos mercados de trabalho europeus e a falta de concorrência na área do euro, o que já levou Jean-Claude Trichet a afirmar esta semana que não vê perigo de deflação na zona euro.
Estas declarações levaram o prémio Nobel da Economia, Paul Krugman, a questionar no seu blog como estaria "o tempo no planeta em que vive" Trichet.
" in
Semanário Económico
O homem até deve sonhar com inflação.

O lucros da GALP

"Nos últimos três meses do ano, os atrasos na actualização dos preços fizeram com que o lucro da petrolífera disparasse quase 200 por cento" - os lucros da GALP no Público. Sem mais comentários.

Dia F

Não conheço o projecto nem a obra. Mas uma mancha como esta deve preocupar qualquer um. Porque os eleitos devem prestar contas aos eleitores e os que, não tendo sido eleitos, estão no poder e por isso devem prestar contas aos contribuintes, adiro à iniciativa do Fiat Lux * Carpe Diem.
Independentemente da cor do poder, é nosso dever exigir explicações e de preferência que nos convençam.

terça-feira, 3 de março de 2009

As Reformas

"Os portugueses poderão ajustar as suas pensões descontando um pouco mais ao longo da carreira ou trabalhando um pouco mais", disse o secretário de Estado. - in Jornal de Notícias
Pagar mais à Segurança Social? Já é um roubo.
A OCDE veio hoje anunciar o que já todos sabíamos, a Reformas dos portugueses irão encolher cada vez mais.
Depois da balda completa que foram as reformas vitalícias ao fim de oito anos como deputado, de reformar pessoas entre os 40 e os 50 anos no tempo de Guterres e de se ter levado o sistema a uma situação de pré-ruptura, é justo reconhecer que a reforma levada a cabo pelo actual ministro (provavelmente o melhor ministro de Sócrates) era inevitável e que o resultado seria o agora anunciado.
O actual sistema é especialmente injusto para quem entra ou já está na vida activa, pois são estes activos que pagam todas as actuais reformas. Desde as miseráveis, a quem esteve quase toda a vida fora de qualquer sistema contributivo, até às milionárias. Com a agravante da relação activos/reformados não ser hoje a dos anos 60, e daqui a 20 ano será ainda menor.
Não havendo uma inversão nas políticas de natalidade estou mesmo convencido que já nasceu a geração que se quiser ter reforma terá de tratar dela por sua conta e risco.
(imagem tirada daqui)

Perder tempo (1)

Hoje de manhã passei por mais um "Momento ZEN". Fui à Segurança Social pedir uma Declaração em como não tenho dívidas para com aquele organismo do Estado e fiquei a saber que a sua emissão pode levar até 10 dias úteis (leia-se 2 semanas). Ficou-me a esperança de ter uma surpresa agradável e que a Declaração apareça antes do fim daquele prazo.

A Oposição

No último congresso, assumimos que não será o número de críticas que fizermos ao governo que fará de nós uma alternativa credível, mas sim a qualidade das nossas propostas. Assumimos também que cada crítica será acompanhada de uma solução. Estamos a cumprir o prometido”, sublinhou." - in Diário Insular
"O PSD/Açores “tem a obrigação construtiva de ajudar o governo”, enquanto que o executivo “tem a obrigação democrática de aceitar a colaboração do PSD”." in A União
Bairrista ou não, Berta Cabral está a revelar a sua estratégia de conquista do eleitorado e parece ir no sentido daquilo que as pessoas actualmente querem ouvir, mesmo na Terceira. A bola fica agora do lado do Governo.

segunda-feira, 2 de março de 2009

Empreendedorismo (10)

Só volto a este tema para falar de um caso real que acompanhei de perto e que revela bem o quanto ser empreendedor representa trabalhar para alimentar alguns parasitas, e como muitas câmaras municipais são uma bandalheira que urge pôr na ordem.
O caso conta-se em poucas palavras. O empreendedor em causa teve a câmara municipal do seu concelho como cliente pela primeira vez em dez anos. Apesar de durante esse tempo ter visto muito trabalho ser adjudicado, sem que se saiba muito bem como ou porquê, a outras empresas do mesmo ramo, nunca fez qualquer reclamação quer em público quer em privado, por motivos óbvios, e ficou convencido que talvez, na altura, as coisas estivessem mudadas, mais transparentes, e valesse a pena investir algum tempo e esforço para a manter como seu cliente.
Assim, concluído o trabalho entregou-o à câmara municipal com a respectiva factura em 2 de Outubro de 2008, havendo o compromisso do pagamento ser feito em 60 dias, já que este era o prazo imposto pela própria câmara. Nada mais falso.
Passados os sessenta dias não recebeu e descobriu que isso deveu-se ao facto de um engenheiro da câmara ter deixado a factura a grelar em cima da secretária durante aqueles dois meses.
Apesar deste contratempo, foi informado que o pagamento seria feito até ao fim de 2008, ou seja ao fim de quase 90 dias. Nada mais falso, mais uma vez.
No dia 31 de Dezembro o zeloso tesoureiro, invadido por uma inexplicável epidemia de preguiça e, admitamos, de alguma estupidez, em vez de fazer uma transferência bancária, decidiu emitir um cheque e telefonar para o empreendedor avisando-o que havia um cheque para levantar (admitindo que houve cheque).
Como este empreendedor, assim como os seus empregados, que, ao contrário do zeloso tesoureiro e respectivos companheiros de câmara municipal, havia passado o ano inteiro sem gozar qualquer ponte, além de muitos sábados e até alguns feriados e domingos, tinha decidido que naquele dia não se trabalharia e iriam estar com a família, o telefonema, se alguma vez existiu, não encontrou ninguém na empresa. Resultado, não recebeu mais uma vez.
Como passou de ano civil e a câmara municipal de orçamento, informaram-no que agora iria ser necessário um despacho de um vereador para que pudessem proceder ao pagamento, mas que isso seria uma formalidade rapidamente ultrapassável. Nada mais falso, novamente.
O vereador, como recebe o vencimento a 20 de cada mês, tinha na factura do empreendedor um assunto de baixa prioridade. Por isso só ao fim de quase mais dois meses se dispôs a assinar o despacho em causa.
A aventura estava quase no fim, mas ainda não terminara, faltava agora a assinatura do presidente da câmara municipal, coisa que numa sexta-feira era pouco provável de se conseguir. Não só era pouco provável como se revelou impossível.
Só houve assinatura hoje, segunda-feira, dia dois de Março, ou seja exactamente 5 meses depois de emitida a factura e 3 meses depois da data que a câmara municipal havia imposto ao empreendedor, e a si própria, para pagar.
Moral da história: se não os podes vencer, junta-te a eles.
Este empreendedor o melhor que faz é empreender uma busca de um emprego, de preferência naquela câmara municipal, onde poderá ser incompetente, desmazelado e preguiçoso, sem que algo de consequente lhe aconteça, tal como não aconteceu, nem acontecerá, ao engenheiro, ao tesoureiro e ao vereador.
Além disso só precisa de ir aparecendo durante 11 meses e ir disfarçando que faz alguma coisa, para que não se perceba muito que faz mais coisas por fora que na câmara. E enquanto houver empreendedores como ele que, feitos tolos, paguem impostos, terá sempre garantido 14 meses de vencimento. Poderá não ser um grande vencimento e terá até de engolir alguns sapos, mas para não fazer coisa alguma, e se fizer poder fazer mal, qualquer vencimento é bom.

domingo, 1 de março de 2009

Sócrates 2009

Isto deve ser influência do Chavez. Este tipo de culto da personalidade do grande líder é coisa da Coreia do Norte, das repúblicas populares de África, da Líbia, da Venezuela, etc..
(imagem tirada daqui)

Os Jotas

É só ideologia. Encontram-se mais vídeos aqui.

Angra moderna

"Temos que ter um concelho e uma cidade preparados para receber os seus jovens e para dar respostas às suas necessidades. Este é o elemento essencial. Ao falarmos de juventude, falamos necessariamente de emprego e de formação. E a isto junta-se o empreendedorismo e a iniciativa. Esta é a equação que queremos resolver, para garantir a Angra a sua revitalização, o seu rejuvenescimento e a concretização de um desenvolvimento sustentado." - Andreia Cardoso in Diário Insular
Na entrevista que a nossa autarca deu ao Diário insular, para além de uma apropriação abusiva do Angrajazz, não se vislumbra nada de novo. O mundo de Alice no País das Maravilhas onde parece viver não tem correspondência real no Concelho. A imensa travessia do deserto a que Angra está votada desde 1997 é ali retratada como um percurso dourado.
E lá vem mais uma vez o Empreendedorismo a ser invocado por alguém para quem isso é uma coisa boa se forem o outros a fazê-lo. Pôr a CMAH a pagar a tempo e horas já não era mau.
Emprego para a juventude. Vai dar emprego na CMAH a todos os jovens? Não vejo que outro tipo de empregos a CMAH possa criar. Será que pensa criar mais umas empresas municipais?
Enfim, é a campanha eleitoral no seu início.

Congresso do PS (1)

Assisti ontem pela net à maior parte do Congresso, enquanto trabalhava, e assisti hoje ao seu encerramento. Para além do imenso nada que foi, há uma nota dominante que se tornou especialmente visível no trajecto do grande líder entre o palco e o carro que o esperava no exterior: o lambe-botismo bacoco e por vezes até humilhante a que muitos dos congressistas se expunham para terem o privilégio do toque miraculoso do chefe.
Não é um exclusivo do PS mas impressiona-me sempre.