segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Maranatha (48)

VI. JUSTIÇA E DEFESA

2. JUÍZES

"Os juízes de Maranatha serão recrutados dentre o Senado, pelo que jamais terão menos de sessenta anos. Voltará a ser uma ideia abominável imaginar um jovem a presidir a um julgamento.
Julgar não é um acto comparável à resolução de um exercício de lógica e matemática, onde quem domina os códigos e os aplica com destreza está apto a passar no exame.
O ser humano possui muitas fontes de certeza, que não só a razão. A vida ensina muito mais a uma pessoa para além dos meros teoremas formais; a experiência é, pois, determinante para a qualidade dum julgamento.
Com a idade, ficamos mais flexíveis e misericordiosos. É pouco frequente ver um jovem tolerante, compassivo, respeitador da filigrana sentimental que nenhum método exacto apanha, bem como o discurso.
Numa palavra, a sabedoria não é própria da juventude. Trata-se de um conhecimento que não está virado apenas para a acção exterior, mas também para as pregas interiores e silenciosas da alma, onde a intenção livre originou a falta a julgar.
Acresce a tudo isto o seguinte: ser juiz não pode derivar numa profissão individual com interesses de carreira privada. Trata-se de um serviço público - e até se pode ir mais longe, considerando o juiz como um representante simbólico da Justiça transcendente objectiva, mesmo sem acreditar em Deus.
O Direito moderno, positivista, pôs toda esta base por terra, confiando na simples razão legisladora e deliberante. O juiz foi entendido como aquele que aplica a lei prevista a um determinado caso, com a frieza de um computador.
Os juízes da Alemanha nazi fizeram o seu papel de consciência tranquila, tal como o fazem actualmente os juízes pós-modernos, que adequam leis abjectas a factos desumanos." - Mário Cabral in Diário Insular




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