sábado, 23 de julho de 2011

Maranatha (77)

IX. CONCLUSÃO

1. MARIA VAI COM AS OUTRAS

"Tudo se corrompe, neste mundo. Maranatha vai tender para o seu fim, como é natural. Mas, porque amamos a nossa cidade, procuremos atrasar a sua queda, através do conhecimento do seu calcanhar de Aquiles.
O maior perigo de todos consiste em não acreditar que Maranatha seja viável, o que é demonstrativo do cancro civilizacional dos nossos dias: cínicos, não acreditamos em nada. "É uma utopia."
Quando se conclui que é inevitável viver do modo como vivemos, nega-se a liberdade que, para além de ser condição fundamental ao Homem, é requisito imprescindível à democracia.
A verdade é que não há destino para a pessoa humana. Somos livres de fazermos de nós o que bem entendermos. Ninguém manda em nós: nem História, nem Economia, nem Biologia.
Este vício fatalista talvez tenha ficado da interpretação marxista, que já deu com a cabeça contra a parede. Não somos obrigados ao desvario capitalista, podemos mudar de vida.
Maranatha é possível. Já foi e voltará a ser.
Para além disso, instalou-se em Portugal este vírus chamado "Maria vai com as outras": os outros é que estão sempre certos, mesmo quando trocam os passos, de bêbados; os outros é que são modernos e vão na crista da onda, mesmo quando se estão a afogar; somos a ultraperiferia - quando é inegável sermos a proa na direcção do novo mundo!
Por fim, talvez que a democracia seja, com efeito, o melhor regime conhecido... mas é o mais débil, o mais fácil de adulterar. "Democratizar" vale mais que "Democracia". Há muitas variantes democráticas. Não podemos ficar reféns desta máscara mentirosa que esconde o rosto do Demónio.
Nem podemos ficar acaçapados, com medo de inventar a excelência, só porque nos dizem "Não venha a pior"." - Mario Cabral in Diário Insular

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