X. EPÍLOGO
"Eis-nos chegados ao fim da construção da nossa cidade. Anunciado como projecto anual, já ultrapassei o prazo vai para nove meses. Apelo ao perdão dos leitores e do jornal. Junto, vai um agradecimento sincero.
Todas as crónicas foram revistas antes de serem publicadas; muitas, por duas e três vezes. Ao meu corrector-mor - por sinal, uma mulher - não sei como agradecer... ou sei, e já digo como.
Pedi-lhe que me fizesse este favor devido à seriedade desejada para o projecto. Não podia ser um conjunto de ideias pessoais, mas um efectivo trabalho filosófico, onde as opiniões não valem nada. A minha amiga forçou-me ao burilamento dos argumentos, retirando-lhes, muitas vezes, a má têmpera e o espírito provocatório, dando-me informação indispensável, obrigando-me a corrigir falácias e teimosias psicologistas.
É como na anedota: "Isto não é nada meu!". Não estou a fugir ao termo de responsabilidade - repare-se que voltei a usar a primeira pessoa verbal. Mas pensar é um acto intersubjectivo e eu quis, desde o início, fugir à parafernália doxológica típica das democracias.
A importância dos assuntos exigiu clareza. Procurei ser evidente, sei que nem sempre consegui. Não é fácil escrever filosofia de forma lisa num máximo de 1700 caracteres, incluindo espaços.
A cidade arquetípica é um símbolo universal, presente em todas as culturas. No caso ocidental, por certo que o exemplo mais forte está no Apocalipse: "Eu vi a cidade santa, a nova Jerusalém...".
"Maranatha" é um dos cânticos mais antigos dos cristãos; faz parte da Didaché (ano 100) e ainda se usa no Advento: "Preparai os caminhos do Senhor, Maranatha / Vão chegar os dias do Reino, Maranatha / Vem, Senhor Jesus, Maranatha".
Até lá!" - Mário Cabral in Diário Insular