sábado, 12 de fevereiro de 2011

Maranatha (56)

VI. JUSTIÇA E DEFESA

10. JUÍZO FINAL

"Que tem Esperança a ver com Justiça? Do avesso, percebe-se melhor o parentesco: mundo sem Esperança abunda em injustiça.
As circunstâncias da vida podem ser madrastas, em especial para com aqueles que não merecem os infortúnios da má sorte.
Por outro lado, quem é que entende todas as pregas da alma humana? Cada um de nós sabe que, dentro de si, há muitas razões que nenhuma outra pessoa vê na totalidade. Nem nós próprios entendemos, muitas vezes, o que nos levou a esta nossa acção livre.
Portanto, em Maranatha, no dia em que se ensinar às criancinhas as torturas do Inferno, se anunciará a esperança absoluta no Juízo Final, onde a responsabilidade moral é paga para toda a eternidade.
Sim, um Eu verdadeiro exige um Juiz Absoluto. O Eu infinito exige o Outro infinito. Só Ele está à altura da compreensão íntima radical.
Como pode um tribunal funcionar sem esta crença no Bem Absoluto e no Juiz Misericordioso? Não pode; porque, retirado o absoluto fica o relativo, que autoriza a violência, o que é contraditório com a Justiça.
Haver um tribunal ao qual recorrer de uma sentença - haver um terceiro, mais acima, e um quarto, com ainda mais poderes... o tribunal europeu, o tribunal internacional; este é o anseio do réu.
A Justiça exige a Perfeição.
Cada pessoa humana deseja ser julgada pelo seu Criador, mesmo que ainda O não conheça.
Ele vê por fora e por dentro, as minhas intenções e aquilo que, de facto, fiz, no meio das circunstâncias do mundo. Só Ele me pode compreender por inteiro, à justa, só Ele é o Justíssimo.
Tenho direito ao Juiz dos juízes.
Como desistir deste olhar misericordioso?
Recusá-lo a outrem é crime, porque é recusar o infinito que cada pessoa sabe que é.
E é, de facto." - Mário Cabral in Diário Insular

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Os Emigrantes de Domingos Rebelo

Hoje fiquei a saber que não existe apenas um quadro Os Emigrantes, de Domingos Rebelo. Existem dois, pintados com 3 anos de diferença.

Hoje tive o privilégio de estar estar em frente do original daquele que é, certamente, o mais conhecido. É uma tela de dimensões impressionantes, que nos transporta para uma cidade de Ponta Delgada de há cerca de um século atrás.

sábado, 5 de fevereiro de 2011

Luis Nazaré no Plano Inclinado


Interessante ver e ouvir este economista próximo do PS, em especial num dos governos de Guterres.

Maranatha (55)

VI. JUSTIÇA E DEFESA

9. DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS DO HOMEM

"A "Declaração Universal dos Direitos do Homem" não é auto-evidente, ao contrário do que é costume supor-se no mundo ocidental. A China não a respeita, tal como muitos países muçulmanos, e outros. Esta recusa talvez não seja apenas interesseira, pelo menos há princípios teóricos que a autorizam.
Daqui não se conclui que as intenções da "Carta..." sejam más, apenas que não se baseiam, sempre, na lei natural. A democracia não é o único regime aceitável (art.º 21); a segurança social é discutível (art.º 22), bem como o que se diz acerca da educação (art.º 26).
Ironias da vida que se faz, há poucos meses a formulação da "Carta..." - que é de 1948, quando a Europa tinha acabado de ver o Demónio - foi salva do assalto relativista dos pós-modernos por estes mesmos países doutras culturas que não a nossa, chocados com os artigos que os decadentistas queriam introduzir.
Na altura em que foi escrita a "Carta Internacional dos Direitos Humanos", os políticos europeus ainda se benziam ou, se não era o caso, ainda estavam encharcados do espírito cristão, que passou para o documento, mesmo sem se darem conta. Aqui e ali houve cedências aos outros vencedores da Guerra, resultando um texto que não é homogéneo, do ponto de vista filosófico.
Em resumo: o espírito dos "Direitos Humanos" é iluminista, portanto, moderno: tende para o lado da lei positiva, contra a lei natural e a lei moral. Na formulação que ainda temos, persistem muitas bases teológicas, não explicitadas, que levam a lei natural para o sublime dos céus. Mas nada garante que permaneçam imunes ao ataque dos novos bárbaros. O que nasce torto...
Não assinaremos a "Carta..." em Maranatha. É lei positiva, no sentido actual; logo, arriscada." - Mário Cabral in Diário Insular