quinta-feira, 31 de março de 2011

Défice foi de 10% em 2009 e 8,6% no ano passado

Só me ocorre dizer: Sócrates, seu mentiroso, não tens mesmo emenda!
Ainda há pouco tempo, já em Março, enchiam a peitaça a anunciar o valor do défice de 2010 e o superavit de Fevereiro, obtido provavelmente à conta de não pagarem a fornecedores.
Mas afinal havia outra, e tudo não passava de mais uma grande mentira. Os valores são outros e, certamente, ainda pecam por defeito.
Sócrates demitiu-se. Tarde demais infelizmente.
Ele e a tropa fandanga que nos tem governado deviam responder criminalmente por colocar o país na situação de eminente bancarrota.
Aos 32,8% de eleitores que pretendem voltar a votar nele recomendo que vejam como se vive hoje na Grécia e na Irlanda.

sábado, 26 de março de 2011

Maranatha (62)

VII. CULTURA

6. A FADA DO LAR

"Era assim que se chamava à perfeita dona de sua casa: a harmonia dentro da habitação espelhava-se na praça através do bem-estar do marido e dos filhos. A Bíblia faz-lhe rasgados elogios e a publicidade antiga também.
Não se trata dum ideal burguês, como supôs o séc. XX; há quarenta anos, se tanto, chamar "desalastrada" a uma mulher do povo era denegri-la. Basta pensar bem para concluir que a higiene é melhor que a porcaria e que a ordem está mais próxima do Belo do que o caos.
A fada do lar tinha bordado as barras dos lençóis do seu enxoval com iniciais entrelaçadas, era "limpa e asseada", cozinhava bem e era poupada, debruava até os panos velhos e, nas horas vagas, costurava, tricotava e fazia renda de bilros.
Ao sair para trabalhar, a mulher deixou de dominar estas artes; morreu a fada e o lar entrou em ruínas e já tresanda. Elas escondem de si próprias o dilema que sentem no âmago de si próprias, fazem troça das domésticas e deliram em falar mal das empregadas, à mesa do café.
"São verdes, não prestam".
Mas o maior problema nem é o psicológico e social.
O feminino abandonou a cultura contemporânea e trata-se de uma perda incalculável. Feminino é: interioridade profunda e sombria, pormenor e requinte personalizado, subtileza da leitura ambivalente, a linha curva que não tem pressa em chegar... numa palavra, a Poesia.
Quando as mulheres estavam em casa influenciavam enormemente os homens e isto por uma razão óbvia: havia mulheres e havia homens - agora há só homens, um mundo bruto e cheio de ângulos rectos, materiais frios e muitas contas de somar e subtrair.
Ninguém lê poesia.
A Cultura é feminina, mesmo quando feita por homens.
Dantes, o croché passava à pedra das catedrais." - Mário Cabral in Diário Insular

sábado, 19 de março de 2011

Maranatha (61)

VII. CULTURA

5. VANGUARDA

"Uma é a cultura, outra a arte. Pode ser-se culto e não apreciar arte. Muitos artistas são incultos.
Digamos que a cultura é a raiz e a arte a flor. Ideal é ambas estarem enamoradas.
A arte é, por natureza, vanguarda. O artista é obrigado a inovar. Aliás, a sensação de belo pressupõe a frescura dum contacto original com o mundo.
Esta condição gera muitos equívocos sociais e políticos, mortíferos para o artista.
Por exemplo, é comum o próprio criador confundir novidade e provocação, em especial nos tempos modernos, cuja história está carregada de escândalos.
Muitas das maiores revoluções artísticas passaram desapercebidas aos contemporâneos, haja em vista Fernando Pessoa.
Outras vezes, a religião, a moral e a política procuram dominar a arte, resultando produtos de terceira e quarta qualidade.
Actualmente, a arte sacra é de gosto medíocre, o que se prova com as nossas senhoras de Fátima comuns, que nem se podem comparar com o notável exemplar da igreja dos Biscoitos.
Por causa do dinheiro, os artistas fizeram-se ao gosto dos burgueses, que desenvolveram um masoquismo chique que os primeiros alimentam ("Pago-te bem se disseres mal de mim").
Em Maranatha vamos ter muita paciência com os artistas. Vamos olhar para eles de lado; na gaiola deixam de cantar, mas não ficam bem nos altares.
Não são de confiança.
Esperemos, pois neles explode, de repente, o génio, força natural que nem os próprios explicam, e que revela, em obra, o Infinito mais que humano, caro ao coração.
Por isso, valem o seu peso em ouro.
Por outro lado, não é fácil ser artista, ir sozinho à frente, às cegas, à escuta do borbulhar da Fonte.
É um destino trágico, não pertencem a nenhum dos lados que põem em contacto." - Mário Insular in Diário Insular

quinta-feira, 17 de março de 2011

Sócrates, O Malabarista, já está em campanha

Este tipo de notícia só pode querer dizer que para o PS arrancou a campanha eleitoral. Sócrates, como exímio artista de circo que é, sabe que o pico da crise será lá para 2013, logo quanto mais tempo passar mais difíceis serão os PEC's, logo mais difícil será ganhar eleições. Elementar.
Se o PSD alinhar de novo no PEC 4, não haverá eleições, fica comprometido com o OE de 2012, partilhará com o PS o ónus dos PEC's e duma mais que certa intervenção do FMI e garante a Sócrates a sobrevivência até 2013.
No primeiro cenário, corremos o risco de Sócrates ganhar as eleições. No segundo, corremos o risco de não nos livrarmos dele. Em ambos, é o país que fica a perder.
Cá pela região a campanha arrancou há mais tempo. Afinal as eleições são já em 2012.

sábado, 12 de março de 2011

Para reflexão

Impedimentos e Incompetência

"Angra do Heroísmo vive uma época difícil e que tem alguns contornos algo idênticos ao SAVONAROLA: uma gestão da cidade baseada, não em conhecimentos técnicos e políticos, mas em vontades pessoais. Ao SAVONAROLA percebe-se porque o homem, embora inteligente, era tolo ao mandar queimar os livros; à Presidente percebe-se porque nem todas as mulheres que hoje ocupam cargos políticos conseguem deixar a sua condição feminina de quero, posso e mando - e é preciso, isso é mais do que justo, dar tempo ao tempo. O povo já promoveu o choro da Presidente e este o móbil para a escrita jornalística; pode ser que o abandono do PS pela sua Presidente, embora agora já tarde demais, lhe provoque a sabedoria política: mesmo o homem mais indecente e incompetente ao tomar o exercício do poder político ascende a uma atitude que não imaginaria possível na sua normal condição humana. O político é o super-homem sempre renovado porque faz dos seus inteiros defeitos inteiras virtudes aos olhos do povo. Quando não se sente isso - o melhor é ir para casa e continuar a cuidar da vinha e dos filhos. A lei da paridade que muito contribuiu para acabar com a injustiça de uma história sem mulheres no exercício do poder, não muda tudo; é o indivíduo que por si tem de construir esse caminho de sabedoria pessoal.

Aquela a parte política, agora a parte jurídica. Ponto um: No exercício do poder político há dois tipos de impedimentos: o político e o administrativo. O primeiro tem um regime próprio de impedimentos e incompatibilidades; o segundo também tem o seu regime próprio de processos e procedimentos administrativos de actuação da Administração Pública. Ambos abrangendo tudo quanto é público, sejam os órgãos do Estado ou das Regiões Autónomas, sejam dos da Autarquia Local.

Ponto dois: Essencial é separar duas coisas inteiramente distintas: uma é o impedimento de participar num determinado processo ou procedimento; neste caso o processo existe, não é provocado pelo titular órgão político (os órgãos tanto são colegiais como singulares, atente-se) e, pois, esse titular vê-se confrontado com um dado adquirido e, verificando que, por exemplo, um seu familiar faz parte de interessado, pede a sua escusa, no fundo dizendo "eu não posso participar porque...". Esse, como se percebe, é um impedimento normal e corrente: não se pode impedir que um familiar do titular do cargo político deixe de pedir, por exemplo, uma licença - porque é aquele próprio serviço público que fornece essas licenças. Mas muito diferente é o outro patamar de impedimento, aquele que é provocado pelo próprio titular do cargo político. Aqui entra precisamente o caso emblemático das despesas públicas: a lei não impede apenas a compra a familiar, mais do que isso, a lei impede que se inicie sequer o processo de compra directa a esse familiar. Àquele vamos chamar de impedimento administrativo e a este impedimento político. A distinção é crucial: no impedimento administrativo as coisas passam-se a um nível de responsabilidade mais administrativa e financeira e até de contra-ordenações; mas no impedimento político as coisas inclinam-se mais para questões de natureza criminal e destituição judicial do cargo.

Ponto três: Quer um tipo de impedimento quer outro têm várias ramificações consoante a competência do órgão: seja porque há atribuições próprias, seja porque há competências do órgão colegial. Nos municípios isso é simétrico porque o presidente da câmara tem atribuições inteiramente suas em tudo diferentes enquanto presidente da própria câmara; ou seja, em cada caso concreto temos de verificar se a actuação é como órgão singular ou se, pelo contrário, como órgão colegial. A análise e as consequências de cada caso são diferentes. Mais do que isso não podemos dizer.

Em síntese: a Presidente de Angra mostra-nos que não cede da sua condição feminina em favor da sua responsabilidade política e por isso Angra está a perder tempo; mostra também que utiliza verbas públicas através de mecanismos que porventura interessaria mandar verificar às entidades competentes. Mas também mostra que tem fibra para erguer um novo mundo que dignifique a condição feminina que tanto vive e que dignifique a história angrense que tanto esquece." - Arnaldo Ourique in Diário Insular

Maranatha (60)

VII. CULTURA

4. A CULTURA, A TÉCNICA E A MORAL

"Em Maranatha acabaremos com a cultura de esquerda que domina Portugal desde a Geração de 70. Bem vistas as coisas, os mais altos picos culturais contemporâneos continuam a ser clássicos; mas é inegável que grande parte do discurso artístico moderno é decadente, mesmo que vitorioso.
A grande diferença consiste na relação que a cultura tem com a moral: as obras clássicas pressupõem-na, ainda mais quando são de vanguarda; dão o braço ao povo e à Tradição, puxando-os para o futuro. Os génios são porta-estandartes que ardem no desejo de embelezar a herança que amam.
Pelo contrário, aquilo que se toma por cultura moderna afronta os valores comuns, entendidos por mesquinhos - veja-se a imagem estereotipada do artista romântico, com quem nenhum homem sério quer casar a sua filha; veja-se o grito absurdo que proclama a arte pela arte, que a trouxe à indecência e ao fascismo.
Outra diferença abissal relaciona-se com a primeira de modo directo: as obras clássicas têm uma estrutura sólida, exigem que o artista seja um artífice de mão cheia. Deste lado, arte rima com trabalho, exercício, treino, repetição, correcção... Numa palavra, o artista clássico é um arquitecto, no sentido dum construtor.
Ao invés, o pseudo-artista confunde os valores religiosos, morais e sociopolíticos com a prática artística, caindo em dois logros fatais: um, o da arte "engagée", típica dos regimes comunistas e totalitários, em geral, onde não há pinga de vanguarda e uma enxurrada de imitação kitsch; outro, o da arte desconstrutivista, que é um tiro nos pés, pois que não pode haver obra-de-arte que não seja... uma construção!
Fora com a preguiça, com o mal feito, com o inexpressivo e com o feio a ocupar o lugar do Bem!" - Mário Cabral in Diário Insular

sexta-feira, 11 de março de 2011

PEC 4 já aí está

Tal como era previsível, o PEC 4 já está anunciado com mais umas quantas medidas a antecipar as do OE 2012. E o pico da nossa crise interna só acontecerá lá para 2013. Isto vai acabar mal.

sábado, 5 de março de 2011

Henrique Neto de novo no último Plano Inclinado


O testemunho que Henrique Neto dá do seu partido, o PS, é assustador.
A "suspensão" deste programa da SIC é preocupante e um mau sinal.
O nosso país é cada vez menos um espaço de liberdade. Ter opinião, coluna vertebral e dignidade tem cada vez mais um preço caro.
Se um dia acordarmos com um aroma de jasmim no ar, não se admirem.

Carlos Monjardino, da Fundação Oriente, no Plano Inclinado

Maranatha (59)

VII. CULTURA

3. VERDADE E CULTURA

"A maioria das pessoas não conhece os fundamentos da era moderna; é urgente informá-las, por duas razões: primeira, sofrem as dores de um veneno que tomaram mesmo antes de nascerem e que não é imperioso que continuem a beber; segunda, no seu dia-a-dia expressam convicções profundas que têm uma raiz conservadora.
Um dos absurdos defendido pelos filósofos e cientistas modernos é que não é possível ao ser humano atingir a Verdade. Se não é possível atingir a Verdade, então todos os pontos de vista são relativos e é tão válido afirmar "Isto é assim" como "Isto é assado".
A contradição nos termos é evidente e conhecida.
A Verdade, o Bem, o Justo e o Belo jogam na mesma equipa. Se não é possível atingir a Verdade, levantam-se dúvidas sobre a certeza do Bem, do Justo e do Belo. É isto que se chama relativismo.
O relativismo é grave porque permite o mal, o injusto e o feio.
O passo seguinte é o niilismo. Nietzsche definiu-o: é quando os valores absolutos deixam de fazer sentido. Os adolescentes do séc. XX andaram com Nietzsche debaixo do braço, sem compreenderem a bomba que levavam no sovaco. Hitler leu Nietzsche.
Em Maranatha, voltaremos a introduzir o discurso acerca da Verdade, grafada com maiúscula. Ensiná-lo-emos claramente aos nossos alunos: mesmo que não nos fosse possível, teoricamente, atingir a Verdade (o que é falso; a Metafísica sempre o conseguiu), pressuporíamos a necessidade prática dela, como o Norte da vida social e política.
Não há cultura respeitável sem o chão da Verdade. Todas as tentativas artísticas pós-modernas se esfarelam porque vagueiam num mar indeterminista, no qual são vagas ao sabor do acaso.
O feio e o mal feito é inevitável.
É a tragédia do vão combate." - Mário Cabral in Diário Insular

Maranatha (58)

VII. CULTURA

2. NATUREZA E CULTURA

"O pensamento ecológico esforça-se por desfazer o degrau óbvio que distingue a Humanidade do resto do mundo natural. Qual o tolo que não vê que somos animais? Mas também é evidente que nenhum chimpanzé se benze.
É uma doença reactiva ao progresso industrial moderno, que tudo indica está a perturbar o equilíbrio do planeta. Os verdes são pós-modernos, na medida em que já não acreditam no ideário burguês capitalista. Como tal, deveriam aproximar-se dos conservadores mas, como são ignorantes, confundem os tempos históricos.
Marguerite Yourcenar chega ao desplante de acusar a tradição de ser a causadora do afastamento da Natureza, referindo o "Génesis" como o lugar onde se assiste a este pecado, em concreto quando Deus declara Adão e Eva senhores do mundo criado.
Ela leu por alto o livro fundador do Ocidente, já que Deus pede a ajuda do Homem para cuidar do Paraíso, e não para o destruir, o que seria contraditório. Ela é uma menina da cidade, pois se tivesse uma vivência rural compreenderia que a cultura agrária estabelece íntima relação com a terra e o céu. Se ela não odiasse tanto a Idade Média, teria ouvido falar dum homem chamado Francisco de Assis, que conheceu um sucesso avassalador, até aos dias de hoje.
De maneira mais clara e sucinta: o ser humano faz parte integrante da Natureza, que não é o seu "meio ambiente", expressão que põe à mostra o cinismo ecologista. O homem culto não se opõe ao mundo, antes puxa a terra para o céu, tornando-a sublime.
Ao contrário, quando perdemos o horizonte infinito, emporcalhamo-nos na lama das sensações e não criamos nada que tire o fôlego.
O homem culto ama a Natureza; o ecologista não cumpre o papel espiritual que a Natureza lhe concede." - Mário Cabral in Diário Insular

Maranatha (57)

VII. CULTURA

1. CULTURA E CIVILIZAÇÃO

"Distingamos cultura de civilização do seguinte modo: esta, é uma matéria tão-só humana; aquela, relaciona a Humanidade com a Natureza e a Transcendência.
Pode haver uma civilização inculta, embora esteja condenada ao fracasso. É o caso ocidental moderno.
Não pode haver uma cultura não civilizada. Seria uma contradição nos termos.
A civilização inculta vive obcecada com o desenvolvimento tecnológico e com o futuro. Logo, está permanentemente a morrer, às suas próprias mãos. Quando desaparece, de vez, não deixa nada atrás de si; pois quem é que deseja comprar um telemóvel que já saiu há dois anos?
Tende a ser nervosa, precipitada, a fazer mal feito, sem reflectir nas consequências - se bem que tenha muito boa impressão de si própria e se apregoe aos quatro ventos. É visionária e idealista, no sentido de utópica. Conduz à angústia e ao desespero; lançada no futuro, não oferece sentido aos dias do presente.
Ao contrário, uma cultura deixa para sempre um manancial de obras que só um bárbaro não tem por inestimáveis. Trocam o futuro pela eternidade.
A pessoa culta ama a herança do Passado, observa com espanto a lei natural, descobrindo atrás de tudo o sabor do Mistério.
Um conservador é culto e, por conseguinte, o homem mais civilizado de todos. Comparado com uma árvore, quanto mais fundo enraíza, mais para o alto floresce.
Coitados dos modernos, que aquilo a que chamam cultura não tem outro destino que não seja desaparecer nos abismos do nada, visto o ódio com que se atiraram à Tradição, que "desconstroem", como gostam de lhe chamar. Estéreis, verão o vazio; já estivemos mais longe deste dia. Cínicos, já criam o efémero, como se fora de propósito.
Maranatha vai ser uma cultura." - Mário Cabral in Diário Insular