sábado, 28 de maio de 2011

Maranatha (70)

VIII. RELIGIÃO

4. CIÊNCIA DA PALAVRA

"Um dos erros modernos respeita à linguagem e ao método da ciência, bem como àquilo que se deve entender por experiência.
O Renascimento foi afirmando a matemática como linguagem única, ligada ao método experimental. Não por razões científicas mas políticas, impuseram-se como "o" estilo do conhecimento.
Passou a concluir-se que só havia ciência se houvesse a exactidão dos números, associada à constatação dos factos materiais indutivos.
Os filósofos sempre foram grandes matemáticos, demonstrando alto apreço por esta linguagem. Mas os antigos tomaram a lógica por mais abrangente do que a matemática, porque consegue pensar com igual exactidão aquilo que não é apenas mensurável. É o que significa dizer: "A lógica é a mãe da matemática".
Muitos assuntos de extrema importância não podem ser medidos nem quantificados. É o caso do Bem e do Justo, pilares duma sociedade. A partir da visão moderna: ou se expressam matematicamente; ou não são levados a sério.
As ditas ciências humanas ainda funcionam com este complexo de inferioridade, procurando explicar todo o ser humano por gráficos e tabelas, o que é tolo, para além de convocar o relativismo, como provam os tempos em que vivemos.
Tal não pode continuar.
A metafísica sempre foi a ciência das ciências, e está a renascer. A linguagem da metafísica é a lógica. A metafísica demonstra muitos assuntos basilares à vida social.
Mais: não ser exacto não significa não ser rigoroso. A analogia é outro tipo de pensamento muito sério; bem como a persuasão, que não é preciso ser retórica.
Em Maranatha, voltaremos à ciência da Palavra, ao "Trivium", donde emana a Verdade.
A religião a sério precisa deste fundo.
Não há homem a sério sem religião a sério." - Mário Cabral in Diário Insular

quinta-feira, 26 de maio de 2011

INSTITUTO DOS PUPILOS DO EXÉRCITO - 100 ANOS (4)

INSTITUTO DOS PUPILOS DO EXÉRCITO - 100 ANOS (3)

Ainda no âmbito do 1º centenário o meu camarada e amigo, Dr. António Pinto Pereira, foi condecorado com a Barretina de Honra, tendo-a recebido das mão do Presidente da República, Dr. Cavaco Silva.
Justo e merecido.

INSTITUTO DOS PUPILOS DO EXÉRCITO - 100 ANOS (2)

"Olhando para os símbolos que vos unem, desde o Hino, ao Código de Honra do Aluno e à heráldica que vos é própria, encontramos o fundamento para uma forma de conduta na vida que importa enaltecer: o respeito pelos valores pátrios, o apelo ao estudo e ao trabalho, a assunção de responsabilidades, a obediência consciente, a galhardia e a lealdade que vos acompanharão no futuro." - Dr. Cavaco Silva
Não tenho palavras para exprimir o quanto me orgulha e comove este reconhecimento do Presidente da República no seu discurso do nosso 1.º centenário.
Tenho o privilégio de ter assistido a duas condecorações importantes da minha escola.
A primeira foi a 25 de maio de 1980, tendo sido agraciada como Membro Honorário Ordem de Sant'Iago da Espada pelo Presidente da República da época, General Ramalho Eanes.
A segunda foi ontem, dia do nosso 1º centenário, tendo sido agraciada com o título de Membro Honorário da Ordem do Infante D. Henrique pelo actual Presidente da República Dr. Cavaco Silva.
Apesar de algumas vontades que, por mais de uma vez, tentaram fechar-lhe as portas, tem sabido adaptar-se e sobreviver, renascendo a cada novo desafio. Estou, por isso convicto que hoje é o primeiro dia do nosso segundo centenário.
(foto obtida nesta reportagem da Presidência da República)

INSTITUTO DOS PUPILOS DO EXÉRCITO - 100 ANOS (1)

quarta-feira, 25 de maio de 2011

INSTITUTO DOS PUPILOS DO EXÉRCITO - 100 ANOS

A minha escola completa hoje o seu primeiro centenário.
A todos os meus camaradas, mais antigos, meus contemporâneos, actuais e dos próximos 100 anos, um abraço de sincera amizade.
Hoje dava tudo para estar de novo entre as suas paredes, sentir o seu cheiro, ouvir todo o burburinho de mais um aniversário. E este é tão especial...

segunda-feira, 23 de maio de 2011

Instituto do Pupilos do Exército (1911-2011)

Decorreu ontem na baixa de Lisboa o desfile militar comemorativo do 1º centenário do Instituto do Pupilos do Exército (1911-2011), que se completa no próximo dia 25.
No âmbito das comemorações tivemos a visita e participação no desfile do Colégio Militar de Porto Alegre, escola geminada com a nossa.
(foto do meu camarada Ricardo Luís Araújo)

sábado, 21 de maio de 2011

Sócrates vs Passos Coelho

Não sou eleitor de Pedro Paços Coelho e muito menos de Sócrates (lagarto, lagarto; o Diabo seja cego, surdo e mudo; knock on the wood). Feita esta declaração de interesses, devo dizer que se o debate de ontem não convence os indecisos a não votarem no Sócrates, nada o conseguirá.
O debate pareceu um confronto da razão e da ciência, com a astrologia, a superstição e obscurantismo.
Paços Coelho apresentou-se preparado e revelou-se competente, conhecedor e com ideias concretas sobre assuntos concretos. É um bom sinal, revelador de que o PSD começa finalmente a libertar-se de alguns complexos de esquerda.
Sócrates foi o artista de circo do costume. Reproduziu a sua cassete de campanha e revelou aquilo que, em minha opinião, sempre foi: incompetente, navegador à vista e dotado de um jogo de cintura que só os burlões bem-falantes possuem.
Se Paços Coelho for o próximo primeiro ministro, pelo menos teremos um salto qualitativo enorme, quer em termos de formação de base, quer de objectivos, quer mesmo, ao que tudo indica, em termos de carácter.

Maranatha (69)

VIII. RELIGIÃO

3. SACERDOTES

"Os sacerdotes não são homens iguais aos outros. Foram escolhidos para incarnar a Transcendência. São uma espécie de ponte que liga a cidade dos homens à cidade de Deus (pontifex).
Não podem, pois, alimentar a pretensão de ter uma vida igual à das outras pessoas. São homens de Deus, estão marcados pelo Sagrado; o significado disto é claro: são sacrificados. Sejam lembrados a toda a hora desta pertença real.
Logo, precisam de ser os melhores. Até um ateu percebe que não se dá à Suprema Entidade aquilo que tem defeito, aos olhos humanos. A Bíblia é clara nesta exigência de machos sem defeito.
Entenda-se: devem receber a melhor formação de todas, em especial numa época como a moderna, em que se valoriza muito a razão. Os seminários de Maranatha serão escolas de elite, imbatíveis em lógica e metafísica. Nenhum engenheiro ou doutor ganhará uma disputa com um padre.
Hão-de ser ensinados como príncipes, hão-de marcar-lhes a ferros na memória a idade da Santa Madre Igreja; como resistiu à queda do império romano, à de Napoleão e tantos outros.
Devem ser treinados desde a mais tenra idade para a liberdade absoluta, que é directamente proporcional à obediência, à pobreza e à solidão, sem psicologices melodramáticas "a la mode". Sobretudo, esvaziem-se do desejo diabólico de quererem ser originais.
Não podem depender economicamente nem do Estado nem de particulares, porque necessitam de proclamar a Verdade, que é uma espécie de casa que precisa de ser retocada a toda a hora, contra os pontos de vista interesseiros dos senhores do tempo.
Estejam na igreja, na sacristia. Rezem as Horas no confessionário, enquanto esperam os crentes. Rezem, e rezem mais. Que se veja logo que são padres." - Mário Cabral in Diário Insular

domingo, 15 de maio de 2011

Maranatha (68)

VIII. RELIGIÃO

2. BEM-ESTAR, FELICIDADE E VIRTUDE

"As sociedades modernas prometem bem-estar, convencidas de ser este o ideal do Homem. É fácil de ver que o bem-estar é um critério físico e material, que está longe de corresponder às exigências mais nobres da nossa condição.
Uma pessoa pode ter bem-estar e não ser feliz e, muito menos, virtuosa. Uma pessoa com "mal-estar" pode ser virtuosa e, inclusive, feliz. Como é evidente, não é preciso procurar o mal-estar para ser boa alma.
Certo é que se pode viciar os cidadãos no bem-estar, como o faz a segurança social, conduzindo-os à preguiça de não procurar um ideal mais aberto. Na actualidade, a coisa piorou, com a associação dum conceito recente e de alto risco fascista: o de "qualidade de vida".
Os americanos têm "qualidade de vida" e morrem de ataque cardíaco, a comer pipocas e a beber Coca-Cola em frente à televisão.
Um político arguto também não afirma que o que interessa é ser feliz. A felicidade, como é hoje entendida, é um desejo psicológico que tresanda a egoísmo. Para ser feliz, o José larga a Maria e os dois filhos e foge com a brasileira. Ou seja, a felicidade não leva sempre à virtude.
As religiões costumam promover a virtude e, por isso, são grandes aliadas da política. Censuram e proíbem o adultério, o álcool e as drogas, etc. Identificam o Bem com a comunidade e o mal com o egoísmo. Ensinam uma pessoa a controlar os seus instintos mais básicos e a treinar-se sem tréguas no sentido de identificar a felicidade com a virtude, e não com o egocentrismo.
Que mais pode desejar o político perspicaz? Ele teria de educar o povo neste sentido, se o povo já não estivesse ensinado pela religião.
Portanto, o político tem interesse em promover a religião, e não o bem-estar." - Mário Cabral in Diário Insular

sábado, 14 de maio de 2011

Por um regime fiscal mais justo

"Isto quer dizer que estas empresas deixam de ter que entregar o IVA ao Estado com a factura e passam a poder entregá‐lo apenas quando efectivamente recebem o dinheiro.
Sabemos que a aplicação do regime de caixa implica negociações com a União Europeia, mas sabemos também que já alguns países conseguiram aplicá‐lo e que Portugal precisa dele com urgência. No caso de transacções com entidades do Estado, em particular, é absolutamente iníquo que o Estado exija de uma empresa que lhe adiante o dinheiro de um imposto que ele próprio deve." - in Manifesto Eleitoral do CDS/PP
Para memória futura.

quarta-feira, 11 de maio de 2011

Kanellos, o herói grego

A crise grega já tem um herói: Kanellos.
É cão e anarquista convicto, daqueles que não dão abébias a xuxas.
Se acham exagero façam uma busca na net e confiram.

sexta-feira, 6 de maio de 2011

Grécia sai do Euro?

notícias cujos desmentidos não me sossegam e esta é uma delas.
Convém irmos aprendendo com o que se está a passar na Grécia e na Irlanda para antever o que poderá ser o nosso futuro. E a saída do euro é uma das coisa que nos poderá acontecer se isso se tornar uma realidade para a Grécia.
Há que ter consciência que o programa agora assinado com a CE/BCE/FMI não nos coloca a salvo de entrar em incumprimento. As taxas de juro que nos irão ser cobradas, ao que parece entre os 3,5% e os 5% (nada simpáticas), poderão ser o golpe de misericórdia, caso a nossa economia não cresça. E isso é o mais provável.
Somemos a isto algum eventual incumprimento por parte do Governo do programa agora assinado que provoque o fecho da "torneira" e daqui por um ano podemos estar a falar da re-estruturação da dívida, tal como se fala agora da dívida grega.
Uma saída do euro será o total descalabro do país. Basta fazer uma conta simples. À data da nossa entrada no euro cada euro "custava" 200$482. Com uma desvalorização de, admitamos, 50%, uma dívida de € 100,00 p.e. passaria de imediato de 20 048$20 para 30 072$30. Transponhamos isto para a dívida externa e para as nossas dívidas pessoais, que irão continuar a ser em euros, somemos a inflação e imaginemos o que será.
Será que os gregos estão a caminho disto?

Sugiro já um nome: Pinócrates Memorial

A ideia de criar um Museu da Dívida tem adeptos e tem quem não concorde com a sua criação. Pessoalmente acho uma boa ideia, em especial num país com tão má memória como o nosso.

quarta-feira, 4 de maio de 2011

Adivinhem como vai ser feito o ajustamento...

O acordo negociado entre o bando que nos governa e a CE/BCE/FMI fornece-nos para já duas certezas: o ajustamento vai ser feito mais uma vez essencialmente à custa de impostos e a recessão em 2011 e 2012 está garantida.
Por isso não espanta que Sócrates o considere um bom acordo pois, no essencial, aplica a receita socialista: tudo se resolve com impostos.
No caso dos Açores a receita fiscal tem duplo impacto, uma vez que, para além do aumento da carga fiscal, vão ser reduzidas as diferenças entre as taxas continentais e as insulares (de 30% para 20% no IVA, p.e.).
Temos, portanto, que agradecer ao Sócrates e ao seu governo. Levou-nos à bancarrota, transformou-nos num protectorado e vai pôr a economia de rastos mais uns anos. Quando devia estar a ser julgado, este traidor ainda concorre às eleições de Junho e corremos o sério risco de as ganhar.