sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

2011/2018

Tive um professor de Economia Política que me disse que os ciclos económicos em Portugal são de cerca de 7 anos. O tempo tem-lhe dado razão. Pior que 2010 só 2003 e podíamos fazer o exercício de recuar no tempo para encontrarmos anos de má memória coincidentes com estes ciclos.
O problema destes ciclos é serem muito curtos em termos macro-económicos. Além disso, entre os anos de início e fim de ciclo a nossa economia rasteja o que faz com que estes anos sejam sentidos de forma intensa.
O ano de 2011 é o início de um novo ciclo. Vai ter um ponto crítico em 2013/2014 e terminará em 2018.
É o tempo que temos para criar um país diferente e deixá-lo governável à geração dos jovens que hoje têm entre os 17 e os 20 anos. Para isso precisamos que o Estado emagreça e que a economia tenha condições para crescer. Para isso o esforço tem de tocar a todos, o que não está a acontecer e temo que nunca venha a acontecer. A incapacidade dos nossos governantes para mobilizar o país é angustiante e preocupante.
E com esta reflexão termino o ano. Tal como no Natal, os meus votos são de um 2011 pelo menos melhor que 2010, o que apesar de tudo não é impossível, para todos, sem excepção.

quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Chamem o FMI (15)

"A Segurança Social promoveu todas as chefias para compensar os cortes salariais no próximo ano. O aumento tem efeitos retroactivos ao início de 2010. As nomeações foram hoje publicadas em Diário da República e são assinadas pelo ministro das Finanças." - in SIC
Repetindo o que já aqui escrevi: enquanto o PS e o Governo usarem expedientes como este, que só vêm provar que a austeridade não é para todos, quero que o mentiroso do Sócrates, o incompetente do Teixeira dos Santos e os ridículos Jorge Lacão e Silva Pereira (para referir apenas a fila da frente da plateia governamental) enfiem os apelos ao esforço nacional, e já agora o Estado Social também, pelo seus rectos burgueses acima.

quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Presidenciais (3)

Entrar em 2011 com o país em depressão (económica e psicológica), com Sócrates herdado de 2010 (esta é imperdoável a Cavaco), com a certeza de um PEC 4 lá para Abril/Maio, com o Código Contributivo (quando em fins de Janeiro nos forem aos bolsos verão como é requintado e aqui o PSD não tem as mãos limpas), só falta mesmo Alegre ser eleito para a desgraça ser completa. Com 30% de eleitores a considerarem voltar a votar em Sócrates, tudo é possível.
Angola é cada vez mais uma (má) opção.
(imagem tirada daqui)

segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Mais deputados com coluna vertebral, precisam-se.

"A quebra de disciplina de voto do deputado regional do CDS-PP, Pedro Medina, durante a reconfirmação da remuneração complementar quarta-feira no Parlamento dos Açores, poderá chegar ao Conselho de Jurisdição Nacional, apurou a agência Lusa." - in Público
Apesar de com uns dias de atraso, quero expressar o meu apreço público a um deputado que teve a coragem de ser livre.
No assunto em causa, à excepção do PSD/A, toda a oposição, na generalidade, e Artur Lima, em particular, estiveram em minha opinião muito mal.   

Maranatha (49)

VI. JUSTIÇA E DEFESA

3. LEIS DO MATRIMÓNIO

"As culturas fortes determinam leis rigorosas para o casamento. Assim vai ser em Maranatha, onde o direito privado será nuclear. Casar voltará a ser o desejo mais íntimo de todos.
Não se pode permitir que os fundamentos da sociedade caiam numa espécie de cenário de telenovela mexicana, que é mais ou menos o que aconteceu ao casamento, nos nossos dias.
Em parte chegou-se a tal ponto por decadência do status, hierarquia de relações a reconstruir na nossa cidade. Sem esta rede de apoio, na retaguarda, os noivos ficam muito vulneráveis à fraude e aos caprichos da paixão, que é sentimento volátil.
Não admira que as famílias "monoparentais" tenham parido as "uniões de facto" e estas coisa nenhuma que se aguente. As tristes consequências desdobram-se nas inseguranças afectivas de pais e filhos e na delapidação do património. Ora, uma e outra vertentes põem em risco a dignidade humana.
Sim, vai interessar, de novo, a pergunta feita, pelas tias, à boca pequena: "Quem é o rapaz? É de boas famílias? É trabalhador e sério?" "E ela? Tem com quê?"
Claro que a atracção natural deve ser tida em conta; mas aos pais assistirá o direito de velar pelos interesses dos seus rebentos, muitas vezes teimosos, voluntariosos, inconsequentes.
A palavra "matrimónio" diz tudo: trata-se da reprodução de duas famílias, que dão um nó na trama social. É, rigorosamente, um assunto transcendente (ultrapassa todas as partes, na manutenção da sociedade). Desfazer este nó põe em risco tudo.
Alegria!
Nenhuma festa suplanta umas bodas!
Casa um homem e uma mulher, com a promessa de terem filhos. Adultério, vergonha; divórcio, proibido; poligamia é pecado, que a pessoa não é parte duma série.
Viúvos poderão recasar." - Mário Cabral in Diário Insular

O que seria deles...(8)

"A inclusão das coimas nas despesas tem uma aplicação prática. É que como é a partir das despesas que o Estado calcula a subvenção concedida aos partidos, ao incluir as coimas nessas despesas, os partidos acabam por receber de volta, mais tarde, o valor monetário das coimas que lhe foram aplicadas." - in Público
Para quando a revolta?

Novo Código Contributivo em vigor a partir de Janeiro

"Quem ganha mil euros por mês a recibos verdes vai entregar no total do ano mais 381 euros às Finanças e à Segurança Social. Já quem ganha 1500 euros terá de pagar mais 423 euros.(...)
Em 2012 quem ganha 1500 euros por trabalho independente vai voltar, por isso, a ter uma subida de impostos. Nesse ano vai entregar mais 1168 euros ao Estado do que em 2010." - in TSF
Aproxima-se 2011 e há poucos motivos para votos de feliz ano novo. O próximo ano vai antes ser o primeiro de muitos em que o Estado vai sugar até à exaustão o cidadão contibuinte.

sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

Para todos, sem excepção

Faltam poucas horas. À família ausente, aos amigos e conhecidos, aos adversários e inimigos, a quem me deve dinheiro, a todo Mundo sem qualquer excepção, desejo um Natal cheio de Paz.

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Vicente Jorge Silva no Plano Inclinado


Tão socrático que ele era...

Maranatha (48)

VI. JUSTIÇA E DEFESA

2. JUÍZES

"Os juízes de Maranatha serão recrutados dentre o Senado, pelo que jamais terão menos de sessenta anos. Voltará a ser uma ideia abominável imaginar um jovem a presidir a um julgamento.
Julgar não é um acto comparável à resolução de um exercício de lógica e matemática, onde quem domina os códigos e os aplica com destreza está apto a passar no exame.
O ser humano possui muitas fontes de certeza, que não só a razão. A vida ensina muito mais a uma pessoa para além dos meros teoremas formais; a experiência é, pois, determinante para a qualidade dum julgamento.
Com a idade, ficamos mais flexíveis e misericordiosos. É pouco frequente ver um jovem tolerante, compassivo, respeitador da filigrana sentimental que nenhum método exacto apanha, bem como o discurso.
Numa palavra, a sabedoria não é própria da juventude. Trata-se de um conhecimento que não está virado apenas para a acção exterior, mas também para as pregas interiores e silenciosas da alma, onde a intenção livre originou a falta a julgar.
Acresce a tudo isto o seguinte: ser juiz não pode derivar numa profissão individual com interesses de carreira privada. Trata-se de um serviço público - e até se pode ir mais longe, considerando o juiz como um representante simbólico da Justiça transcendente objectiva, mesmo sem acreditar em Deus.
O Direito moderno, positivista, pôs toda esta base por terra, confiando na simples razão legisladora e deliberante. O juiz foi entendido como aquele que aplica a lei prevista a um determinado caso, com a frieza de um computador.
Os juízes da Alemanha nazi fizeram o seu papel de consciência tranquila, tal como o fazem actualmente os juízes pós-modernos, que adequam leis abjectas a factos desumanos." - Mário Cabral in Diário Insular




quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

sábado, 11 de dezembro de 2010

Maranatha (47)

VI. JUSTIÇA E DEFESA

1. O INFERNO

"John Adams, o segundo presidente dos EUA, agradeceu à religião cristã a doutrina sobre o Inferno. Sem ela, o Estado teria de conceber um sistema para punir todos os vícios, não só os públicos como também os privados.
Era iluminista, mas ainda muito lido, ao contrário dos políticos de hoje que, na sua ignorância, recusando o Inferno, transformam a cidade num lugar tenebroso, onde campeia a corrupção e a privacidade é regida por leis públicas demoníacas.
Se o Inferno não existisse, teria de ser criado pelo governante sensato. Sem ele, não há uma efectiva concretização da Justiça. Não por acaso, génios do pensamento, como Platão e Pascal, o pressupuseram. Não se trata duma questão exclusiva da fé. Há razões válidas, do ponto de vista da lógica e das evidências, para concluirmos pela existência dum lugar onde os maus serão castigados.
Algumas destas razões estão muito presentes no nosso dia-a-dia. Quando a Justiça é assunto apenas humano, depressa cai no lamaçal em que andam muitos julgamentos portugueses, com o povo a desconfiar dos trâmites legais, o que é muito grave. A noção de justiça é inata à nossa natureza e, como tal, está antes e para além do direito positivo. Exige que os tiranos e os corruptos, que muitas vezes escapam aos tribunais, sejam punidos, num mundo com regra e com lógica, que não seja dominado pelos políticos.
Para além disso, há uma tendência perversa para racionalizarmos o mal que fizemos, de modo a que apareça como um bem coerente e até desejável. Vamos ao ponto de fazer leis que favorecem o mal. Deste modo, ninguém se corrige e todos se emporcalham.
Em Maranatha, as criancinhas aprenderão as torturas do Inferno, para se inclinarem para a luz do Bem." - Mário Cabral in Diário Insular

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

O Prof. João Cantiga Esteves de novo no Plano Inclinado


Neste programa o Prof. João Cantiga Esteves levanta uma questão interessante: se somos diferentes de Espanha, por não termos tido um bolha imobiliária, e diferentes da Irlanda, por a nossa banca não ter sido afectada pelo subprime, então porque nos afectou tanto a crise financeira internacional? Desconfio que a resposta se chama Crise Estrutural Endémica, alimentada por décadas de Socialismo e, ultimamente, por Sócrates, O Malabarista.

sábado, 4 de dezembro de 2010

Cactaceae felis silvestris catus


Maranatha (46)

V. EDUCAÇÃO

10. VIDA DE ESTUDANTE

"Alda acorda às seis da manhã, de Segunda a Sábado. Numa hora tomará o pequeno-almoço, dará de comer aos cachorrinhos, fará a cama, tomará duche, vestirá o uniforme.
A mãe ajuda-a, pondo a mesa. Ama a filha, chegada depois de quatro machos; consola-se a olhá-la: alta, alva e garbosa no azul da farda que lhe vai tão bem. Sorri.
Ao bater das sete, Alda está a entrar na igreja. De soslaio, procura Estêvão na ala dos rapazes, sem saber que ele seguira a desenvoltura do seu avançar pela nave principal.
O serviço termina por volta das 7:30. Elas e eles saem para lados diferentes do templo. Às oito, em ponto, toca para dentro. Voltarão a estar juntos ao meio-dia, quando vierem agradecer o desenrolar da manhã.
Hoje a primeira hora é ocupada com Biologia, disciplina preferida de Alda, que pensa ser veterinária. Entusiasma-se com o estudo das leis da Natureza, harmonia pré-estabelecida de tudo.
Depois do almoço, pelas 13:30, cada aluno vai para a sua oficina, aprender o ofício prático que escolheu, de acordo com o sexo. Alda borda com perfeição; quando passa pela oficina do ferreiro, mira Estêvão lá dentro, na penumbra.
16:30: voltam ao liceu, para a ginástica. As tardes desportivas são à Quarta-feira. Ela é campeã em andebol, mas também anseia pelas tardes de Sexta, destinadas a pesquisas várias: na biblioteca, nos gabinetes dos professores a preparar trabalhos, etc. Melhor só o Sábado, quando vão fazer visitas de estudo ou assistir a palestras e concertos.
«Sou feliz», pensa, quando volta a entrar na igreja, às seis, cabelo molhado, exausta do jogo, procurando-o com olhos furtivos.
Estará a seu lado no ensaio da filarmónica, onde o conheceu.
Ele toca, ela fecha os olhos.
«Sou feliz»" - Mário Cabral in Diário Insular

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Ernâni Lopes - 1942/2010

Ainda há portugueses que merecem uma homenagem quando partem e Ernâni Lopes é um deles.
Nunca foi um boy do sistema. Quando foi ministro conseguiu a simpatia dos portugueses, apesar do que à época teve de fazer.
Pessoalmente recordo as muitas vezes que o encontrei no metro em Lisboa, quer enquanto ministro, quer enquanto quadro do Banco de Portugal. Era impossível não o ver, já que invariavelmente era a pessoa mais alta da carruagem.