sábado, 11 de dezembro de 2010

Maranatha (47)

VI. JUSTIÇA E DEFESA

1. O INFERNO

"John Adams, o segundo presidente dos EUA, agradeceu à religião cristã a doutrina sobre o Inferno. Sem ela, o Estado teria de conceber um sistema para punir todos os vícios, não só os públicos como também os privados.
Era iluminista, mas ainda muito lido, ao contrário dos políticos de hoje que, na sua ignorância, recusando o Inferno, transformam a cidade num lugar tenebroso, onde campeia a corrupção e a privacidade é regida por leis públicas demoníacas.
Se o Inferno não existisse, teria de ser criado pelo governante sensato. Sem ele, não há uma efectiva concretização da Justiça. Não por acaso, génios do pensamento, como Platão e Pascal, o pressupuseram. Não se trata duma questão exclusiva da fé. Há razões válidas, do ponto de vista da lógica e das evidências, para concluirmos pela existência dum lugar onde os maus serão castigados.
Algumas destas razões estão muito presentes no nosso dia-a-dia. Quando a Justiça é assunto apenas humano, depressa cai no lamaçal em que andam muitos julgamentos portugueses, com o povo a desconfiar dos trâmites legais, o que é muito grave. A noção de justiça é inata à nossa natureza e, como tal, está antes e para além do direito positivo. Exige que os tiranos e os corruptos, que muitas vezes escapam aos tribunais, sejam punidos, num mundo com regra e com lógica, que não seja dominado pelos políticos.
Para além disso, há uma tendência perversa para racionalizarmos o mal que fizemos, de modo a que apareça como um bem coerente e até desejável. Vamos ao ponto de fazer leis que favorecem o mal. Deste modo, ninguém se corrige e todos se emporcalham.
Em Maranatha, as criancinhas aprenderão as torturas do Inferno, para se inclinarem para a luz do Bem." - Mário Cabral in Diário Insular

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