sábado, 21 de maio de 2011

Maranatha (69)

VIII. RELIGIÃO

3. SACERDOTES

"Os sacerdotes não são homens iguais aos outros. Foram escolhidos para incarnar a Transcendência. São uma espécie de ponte que liga a cidade dos homens à cidade de Deus (pontifex).
Não podem, pois, alimentar a pretensão de ter uma vida igual à das outras pessoas. São homens de Deus, estão marcados pelo Sagrado; o significado disto é claro: são sacrificados. Sejam lembrados a toda a hora desta pertença real.
Logo, precisam de ser os melhores. Até um ateu percebe que não se dá à Suprema Entidade aquilo que tem defeito, aos olhos humanos. A Bíblia é clara nesta exigência de machos sem defeito.
Entenda-se: devem receber a melhor formação de todas, em especial numa época como a moderna, em que se valoriza muito a razão. Os seminários de Maranatha serão escolas de elite, imbatíveis em lógica e metafísica. Nenhum engenheiro ou doutor ganhará uma disputa com um padre.
Hão-de ser ensinados como príncipes, hão-de marcar-lhes a ferros na memória a idade da Santa Madre Igreja; como resistiu à queda do império romano, à de Napoleão e tantos outros.
Devem ser treinados desde a mais tenra idade para a liberdade absoluta, que é directamente proporcional à obediência, à pobreza e à solidão, sem psicologices melodramáticas "a la mode". Sobretudo, esvaziem-se do desejo diabólico de quererem ser originais.
Não podem depender economicamente nem do Estado nem de particulares, porque necessitam de proclamar a Verdade, que é uma espécie de casa que precisa de ser retocada a toda a hora, contra os pontos de vista interesseiros dos senhores do tempo.
Estejam na igreja, na sacristia. Rezem as Horas no confessionário, enquanto esperam os crentes. Rezem, e rezem mais. Que se veja logo que são padres." - Mário Cabral in Diário Insular

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