sábado, 12 de março de 2011

Maranatha (60)

VII. CULTURA

4. A CULTURA, A TÉCNICA E A MORAL

"Em Maranatha acabaremos com a cultura de esquerda que domina Portugal desde a Geração de 70. Bem vistas as coisas, os mais altos picos culturais contemporâneos continuam a ser clássicos; mas é inegável que grande parte do discurso artístico moderno é decadente, mesmo que vitorioso.
A grande diferença consiste na relação que a cultura tem com a moral: as obras clássicas pressupõem-na, ainda mais quando são de vanguarda; dão o braço ao povo e à Tradição, puxando-os para o futuro. Os génios são porta-estandartes que ardem no desejo de embelezar a herança que amam.
Pelo contrário, aquilo que se toma por cultura moderna afronta os valores comuns, entendidos por mesquinhos - veja-se a imagem estereotipada do artista romântico, com quem nenhum homem sério quer casar a sua filha; veja-se o grito absurdo que proclama a arte pela arte, que a trouxe à indecência e ao fascismo.
Outra diferença abissal relaciona-se com a primeira de modo directo: as obras clássicas têm uma estrutura sólida, exigem que o artista seja um artífice de mão cheia. Deste lado, arte rima com trabalho, exercício, treino, repetição, correcção... Numa palavra, o artista clássico é um arquitecto, no sentido dum construtor.
Ao invés, o pseudo-artista confunde os valores religiosos, morais e sociopolíticos com a prática artística, caindo em dois logros fatais: um, o da arte "engagée", típica dos regimes comunistas e totalitários, em geral, onde não há pinga de vanguarda e uma enxurrada de imitação kitsch; outro, o da arte desconstrutivista, que é um tiro nos pés, pois que não pode haver obra-de-arte que não seja... uma construção!
Fora com a preguiça, com o mal feito, com o inexpressivo e com o feio a ocupar o lugar do Bem!" - Mário Cabral in Diário Insular

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