IX. CONCLUSÃO
4. PROVINCIANISMO E XENOFOBIA
"Considerando dois provincianismos, de um escaparemos à larga... mas poderemos cair no outro, ao dar o salto.
Por um lado, há o provincianismo do grupo G70 (Geração de 70), que tomou conta de Portugal desde os primórdios do liberalismo, e que agora se reproduz em rosa e escarlate: tudo o que é estrangeiro é bom, tudo o que é português é três vezes grosseiro.
Apetece cantar: "Lisboa, não sejas francesa, lá rá, lá, lá".
Deus nos livre de cair na tontaria dos descendentes de Isaú! De certa forma, Maranatha é fundada contra eles. Somos... "racés "!
Já o segundo pode muito bem infectar-nos, pouco a pouco.
Poderemos encher-nos de luxo, pensando: "Somos os únicos bons à face da Terra!". E por causa do nosso pavor ao relativismo, estaremos muito susceptíveis à xenofobia, com a qual ele se relaciona, a contrario.
A realidade desdobra-se numa espécie de variações musicais sobre um mesmo tema, haja em vista os tipos de plantas e de animais. À imagem da Natureza, existem muitas variantes de sociedades humanas.
Maranatha não é a única cidade que se encaminha para a excelência. Há que não confundir "o nosso estilo" com "o estilo único".
Verdade seja dita que esta tendência totalitarista é muito mais moderna do que conservadora, devido à preferência pela linguagem matemática e pelas ciências da natureza. Ao contrário, um antigo sabe que a liberdade passa por não haver um único caminho possível; não pode haver só um!
A Cristandade era um caldo de culturas vivas.
Combater os atalhos perversos jamais nos deve levar a supor que só há um caminho para o Céu: "No Céu há muitas moradas", disse Nosso Senhor.
Aliás, o Pentateuco, base das três religiões monoteístas, é claríssimo na condenação da xenofobia." - Mário Cabral in Diário Insular
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