Um século de república é sempre uma data a assinalar, independentemente de nos identificarmos ou não com ela.
Mesmo sabendo que foram 100 anos passados, na sua maior parte, em caos e em ditadura. Mesmo sabendo que não integra todas as virtudes que reclama para si, pelo simples facto de ser república e que sofreu, e sofre, de muitos dos males de que acusava a monarquia.
Os discursos que hoje ouvi na Praça do Município, em Lisboa, não passaram de ideias vagas, meias palavras e muitos paninhos quentes, que caracterizam a maioria da actual classe política, sem carisma, em muitos casos incompetente e em especial sem coragem.
Temos um presidente que tem feito um mandato sem coragem de intervir quando podia, nos termos da actual Constituição, e o país necessitava. Vai ficar na História como o presidente do "não comento", enquanto assistiu ao completo descontrolo da governação do país.
Temos um primeiro ministro que mente ao país, vive em completa negação e revela-se completamente incompetente para a governação. Não tem, por isso, qualquer capacidade para admitir que está a mais e que, nos quase seis anos que leva de governo, o país ficou mais pobre e sem grandes perspectivas de mudar a médio/longo prazo.
O presidente da república e o primeiro-ministro perderam, ou nunca tiveram, a dimensão necessária para mobilizarem o país para a coesão que tanto apregoam.
Não partilho da opinião dos que afirmam que, se fossemos hoje uma monarquia, seríamos um país melhor. Nada nos garante que o rei não se comportaria como Cavaco Silva e que Sócrates nunca teria chegado a primeiro ministro.
Também não partilho da opinião que, com a república, os males da monarquia desapareceram, como p.e. os privilégios dinásticos e de hereditariedade. Os níveis de corrupção de que padecemos provam-nos que continuam a existir, só que de maneira menos explícita e assumida.
Apesar de tudo, acho que continuo a preferir a república. E acho que vale a pena lutar por uma 4ª República que devolva o país aos cidadãos, que reconheça os valores do trabalho e do mérito, que imponha a ética na actividade política e que julgue e puna os que sejam negligentes na missão de servir a Nação.
Para terminar, e porque nos discursos oficiais ficou completamente esquecido, faltou comemorar o 5 de Outubro de todos os portugueses, o de 1143.
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