V. EDUCAÇÃO
6. MESTRES E DISCÍPULOS
"Em Maranatha não vai haver professores. A pessoa mais pura de todas está muito vulnerável quando ganha a vida para ensinar. Sabemos isto desde os sofistas.
Por outro lado, alguém imagina Sócrates a receber dinheiro? E Buda? E Jesus Cristo?
A Verdade não se compra nem se vende. O verdadeiro acto de ensinar é comparável ao de criar um filho; o dinheiro é um insulto neste tipo de relação.
Utopia, dirão. Nem por isso: na América, as pessoas aprendem a conduzir umas com as outras e, depois, vão a exame. Por cá, ainda temos catequistas.
Em Maranatha, os seis anos de escolaridade obrigatória serão leccionados pelos pais, pelo Senado ou pelo clero. Nenhuma destas pessoas tem interesse material que choque com os rigores da passagem do espírito.
Depois, quem quiser continuar estudos secundários em Humanidades, seguirá para o liceu, onde os padres darão aulas. Os homens do Espírito têm todo o interesse em divulgar a Verdade; ao invés, os professores estão no século, enredados em relações práticas.
Quem quiser ser arquitecto, carpinteiro, médico ou sapateiro, procurará as respectivas ordens, que zelarão pelas suas escolas, destacando associados para a função de reproduzir a alta qualidade de cada ofício. Um médico que dá aulas de Anatomia não é um professor.
Algo muito semelhante funcionou com os ateliês da antiga Europa, antes de haver escolas de Belas-Artes. O mestre de Leonardo aceitou o pequeno aprendiz para lavar os pincéis. Quem se atreve a afirmar que os ateliês de pintura funcionaram pior do que as escolas actuais de Arte?
Os discípulos vão escolher os seus mestres conforme a fama deles, não por certificados; portanto, admirá-los-ão, amá-los-ão. Magister dixit voltará a ser a lei." - Mário Cabral in Diário Insular
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