sábado, 20 de novembro de 2010

Maranatha (44)

V. EDUCAÇÃO

8. CASULO DA LIBERDADE

"Agora tornou-se moda falar das "escolas abertas ao meio". Tem-se por um bem que a escola leve em conta a circunstância sociopolítica. Fica-se alegre se a câmara do comércio ou o município financiam prémios ou promovem outras facilidades suspeitas. Pela mesma porta entram os encarregados de educação, muitas vezes a decidir para além das suas competências. E há os currículos regionais. E há a televisão, seguida como modelo pedagógico rei, só deposta pela Internet, a valer mais do que a biblioteca.
A escola está refém do meio.
Não vai ser assim em Maranatha, onde as escolas vão funcionar como casulos de liberdade, "Abre-te Sésamo" de emancipação total. Nenhum interesse as vai prender à realidade tal e qual ela é - sendo que isto não significa um conflito, antes, em bom rigor, o contrário: uma cultura forte admira a escola e uma escola séria não provoca a cultura.
A pessoa humana é o único ser vivo que é capaz de ultrapassar os limites do seu tempo e do seu lugar, através dos voos espirituais da liberdade. O estudo sério abre as portas do infinito, que começa na alma. Por outro lado, a vida vai levando, com frequência, uma pessoa a especializar-se e, portanto, a reduzir estes horizontes. Não se trata de um mal, em si, se houver o contraponto, espécie de intervalo que contextualiza o caminho de cada um no tecido universal.
O meio domina a escola quando a obriga à utilidade técnica e corriqueira, circunscrita ao aqui e ao agora. Deste modo, cegam-se os alunos; formam-se escravos, mesmo que licenciados.
O trabalho é um bem inestimável, desde que não funcione como alienação, reduzindo a natureza humana, como naquele filme de Charlie Chaplin, bem denominado "Tempos Modernos"." - Mário Cabral in Diário Insular

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