domingo, 30 de janeiro de 2011

Maranatha (54)

VI. JUSTIÇA E DEFESA

8. OS DEGRAUS DA LEI

"Há a lei natural, o costume, a lei positiva e a lei revelada. Um conservador não vê, em teoria, nenhum choque entre estes degraus da escada que é a Justiça.
Os modernos tendem a opor a lei natural à moral; mas nem a lei natural tem algo a ver com a fantasia do "bom selvagem", nem a cultura saudável se opõe à natureza.
Os antigos viram na lei natural uma disposição objectiva para o Bem, entranhada em todo o existente. Daqui concluíram: 1. que o Bem e o Justo não são criações humanas; 2. que as sociedades humanas não podem depender dos caprichos da vontade.
Tal como a miopia altera a boa visão, também em termos morais pode dar-se o caso de as pessoas agirem mal por ignorância: por exemplo, as pessoas pensavam que ser gordo era saudável.
Em si, a lei natural nunca está mal, pois é a lei do ser, tal como é. No nosso caso, temos sempre de usar a razão para justificar a nossa acção, com base neste pressuposto.
Não há só um costume certo - mas há muitos abjectos. Isto deve-se ao facto de a lei natural orientar "no grosso", digamos assim. A lei positiva (criada pelo homem) serve para especificar os casos, no pormenor da circunstância concreta. Porém, supor que os homens podem criar leis, sem ligar à lei natural, conduz à violência do relativismo.
Logo: lei natural, lei moral e lei positiva são degraus harmoniosos.
Quanto à lei revelada: em geral, os Dez Mandamentos deduzem-se da lei natural. Já o Evangelho suplanta tudo o que é possível exigir apenas com base nesta. Neste ponto, não se pode obrigar ninguém a saltar para a outra margem... embora ela não ofereça contradição.
Tem a ver com o Amor.
Uma pessoa normal aceita a supremacia do Amor.
Mas o Amor exige a liberdade." - Mário Cabral in Diário Insular

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