quarta-feira, 20 de abril de 2011

Maranatha (66)

VII. CULTURA

10. POLÍTICA CULTURAL

"Os fundamentos da política cultural de Maranatha serão deste quilate:
Conservar o património reconhecido, deixando a cultura actual à responsabilidade dos particulares. A vida cuida de si, sem precisão de apoio; e os subsidiados não são, só por isso, génios. Por outro lado, o interesse privado não deve intrometer-se na herança de todos.
Considerado o triângulo estético (artista-obra-público), será privilegiada a obra. É a obra que dá nome ao artista e não o artista que dá crédito à obra. No fim da vida, já a tremer e decadente, Dali assinava telas que outros pintavam; isto pode ser uma prática estética discutível... mas não é moral nem política.
Amando Niemeyer, não pagaremos um edifício seu... que o faça um particular, se quiser. Nós daremos o trabalho a um jovem arquitecto que prove estar actualizado - mesmo na vanguarda, e não a repetir modelos já falidos; seja um rapaz da terra, tenha no coração o sentido pleno de Maranatha.
Quanto ao público, movimenta o consumo, muito associado ao prazer e à moda. Se quiserem ouvir o cantor estrangeiro da berra, seja pela mão dum empresário.
Vale mais um pequeno concerto de música maranathiana numa pequena sala de Lisboa ou Londres, do que a vinda duma estrela a Maranatha. Vale mais um concurso literário do que um conjunto de palestras de escritores famosos.
Optaremos sempre pelas variações contemporâneas sobre o fundo cultural herdado, em vez de pelas manifestações intempestivas, por excelentes que sejam, de acordo com os pressupostos universais: vale mais o último Dacosta do que o primeiro.
Procuraremos à exaustão as vantagens das novas tecnologias para a preservação do património, bem como para a criação e divulgação da cultura." - Mário Cabral in Diário Insular

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