sábado, 30 de abril de 2011

Maranatha (67)

VIII. RELIGIÃO

1. A CIDADE DE DEUS

"O ser humano distingue-se dos outros primatas pela aptidão simbólica. Outros animais acusam inteligência, e até capacidade técnica - mas nenhum chimpanzé revela crença religiosa.
Ou seja, a religião é marca de humanismo, ao contrário do que pretenderam os modernos. Só as culturas decadentes viram as costas aos seus deuses. Quando a razão (ciência e filosofia), o espírito (cultura) e a fé (religião) se separam, entra-se numa crise de perigos eminentes.
O discurso religioso é o mais abrangente; nele tudo interessa e nada pode ficar de fora, respondendo, deste modo, à absoluta necessidade humana de integração num único Sentido.
Platão ilustra esta ideia com a imagem de três círculos concêntricos: a cidade fica ao meio, posicionando cada pessoa na malha das relações; e mantendo-se em harmonia com o cosmo, que é o círculo maior.
As religiões não são todas iguais, nem para a História, nem para a Lógica. Algumas são anti-sociais e, por isso, devem ser proibidas (o satanismo, por exemplo). Outras devem ser toleradas por lei, mesmo que erradas logicamente.
Vamos supor que Maranatha será implantada num fundo cultural católico. Agradeceremos a sorte, porque o Cristianismo - do simples ponto de vista filosófico - é a religião mais bem pensada de todas.
Para além disso, é a única que separa estado e Igreja. Jesus Cristo anuncia um Reino que não é deste mundo. De certa forma, o Reino é uma afronta às cidades... mas experimente-se viver sem este horizonte; descairíamos na lama da barbárie, sem bússola e sem norte.
O nosso tempo e a nossa terra tendem a enclausurar-nos. A religião católica oferece o Infinito e o Eterno a cada um.
Em Maranatha queremos ver esta liberdade nos olhos de todos." - Mário Cabral in Diário Insular

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