VIII. RELIGIÃO
4. CIÊNCIA DA PALAVRA
"Um dos erros modernos respeita à linguagem e ao método da ciência, bem como àquilo que se deve entender por experiência.
O Renascimento foi afirmando a matemática como linguagem única, ligada ao método experimental. Não por razões científicas mas políticas, impuseram-se como "o" estilo do conhecimento.
Passou a concluir-se que só havia ciência se houvesse a exactidão dos números, associada à constatação dos factos materiais indutivos.
Os filósofos sempre foram grandes matemáticos, demonstrando alto apreço por esta linguagem. Mas os antigos tomaram a lógica por mais abrangente do que a matemática, porque consegue pensar com igual exactidão aquilo que não é apenas mensurável. É o que significa dizer: "A lógica é a mãe da matemática".
Muitos assuntos de extrema importância não podem ser medidos nem quantificados. É o caso do Bem e do Justo, pilares duma sociedade. A partir da visão moderna: ou se expressam matematicamente; ou não são levados a sério.
As ditas ciências humanas ainda funcionam com este complexo de inferioridade, procurando explicar todo o ser humano por gráficos e tabelas, o que é tolo, para além de convocar o relativismo, como provam os tempos em que vivemos.
Tal não pode continuar.
A metafísica sempre foi a ciência das ciências, e está a renascer. A linguagem da metafísica é a lógica. A metafísica demonstra muitos assuntos basilares à vida social.
Mais: não ser exacto não significa não ser rigoroso. A analogia é outro tipo de pensamento muito sério; bem como a persuasão, que não é preciso ser retórica.
Em Maranatha, voltaremos à ciência da Palavra, ao "Trivium", donde emana a Verdade.
A religião a sério precisa deste fundo.
Não há homem a sério sem religião a sério." - Mário Cabral in Diário Insular