5. A GULA
5.4. FOME
"Basta entrar no refeitório de uma escola depois do almoço para ver o nosso desperdício. Há uma diferença chocante entre o nosso esbanjamento e os países pobres, onde pessoas morrem à míngua, desnutridas e desidratadas.
A imoralidade é indiscutível. Nenhum animal come mais do que o necessário ou brinca com a comida, quanto mais o ser humano, consciente da situação do mundo. Em vez de perderem tempo com ideologias perversas, os pedagogos deveriam aproveitar as refeições para formarem ao mais alto nível, pois a mesa sempre foi uma das melhores salas de aulas.
Será este um assunto político? É conhecido o excesso alimentar armazenado no Ocidente, enquanto africanos, por exemplo, secam famintos e sedentos. Será legítimo obrigar os países desenvolvidos a ajudarem os países do terceiro mundo?
Não parece ser uma questão de leis. Contudo, a comunidade internacional deve opor-se aos regimes políticos que, bastas vezes, estão na base da pobreza das nações; por outro lado, o mercado deve abrir-se às economias mais frágeis, sem proteccionismos escandalosos dos mais fortes.
Assuntos como este levam a que se veja claramente que a moral é superior à política, no que respeita à condição humana. Desde sempre houve pobres no mundo e desde sempre houve quem se condoesse da sua sorte. Mesmo que a razão nos diga que o resto dos nossos pratos não salva as crianças que estão agora a morrer de fome, o coração obriga-nos a repensar a dose.
Os argumentos racionais nada valem quando falta este sentimento, que deve ser incutido o quanto antes em toda a pessoa humana. O ideal é pôr cada um a ter vergonha de atolar carrinhos de hipermercado e dar festas com mais de uma sobremesa, mesmo que a fome termine." - Mário Cabral in Diário Insular
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