sábado, 3 de outubro de 2009

PECADOS CAPITAIS (35)

6. A IRA

6.4. REBELDIA

"Os jovens franceses deram o pontapé de saída, incendiando as cidades. Já o tinham feito em 68, talvez por motivos diversos. Depois, foi a Grécia. Entretanto, os “hooligans”, de tão perigosos, não entram em alguns países. Os neo-nazis não estão confinados à Alemanha. A televisão portuguesa já mostra casos extremos de violência nas escolas nacionais, onde é diária.
Somos agressivos, a não ser que dominemos, a muito custo, este instinto, com a razão, que promove a lei. A diferença entre a nossa época e as anteriores, é que nunca se atribuiu poder à juventude, nem se fez o elogio suicidário da rebeldia. A serenidade espiritual vem com a idade, quando vem. A custo se encontra um jovem sensato.
Acresce a tudo isto que, antes, se convertia o “sangue na guelra” dos mais novos em vantagem social: cumpriam serviço militar obrigatório, casavam cedo e tinham emprego. Desejavam ser adultos o quanto antes, ao contrário de hoje, em que são os velhos a querer ser “forever young”.
Há cinismo aqui. Os jovens notam: obrigam-nos a estudar, mesmo quando querem trabalhar. Evidência: o ensino obrigatório não os está a transformar em pessoas mais cultas. Eles sabem que não há empregos para eles e que têm de viver da mesada dos pais até para além dos trintas; aos trintas quase que se era avô, outrora.
Ao contrário do que apregoa, a nossa cultura está radicalmente contra a natureza. É, em si, uma cultura de crianças tolas, mas que vence sobre o vazio deixado pelo abandono da Tradição.
Nenhuma espécie se mantém quando os elementos mais novos não acatam com respeito o poder dos velhos. Estes, sem força física, só têm o poder social para combater a barbárie; sem ele, acabarão mortos… e legalmente.
" - Mário Cabral in Diário Insular

Sem comentários:

Enviar um comentário