sábado, 19 de dezembro de 2009

PECADOS CAPITAIS (46)

CONCLUSÃO

O LIVRE ARBÍTRIO

"A acção humana evidencia o livre arbítrio, que é a possibilidade de optar entre o bem e o mal.
A liberdade é o contrário da necessidade. Muitos assuntos não permitem opção, a saber, os que dizem respeito ao mundo físico. Exemplo: não é possível parar de respirar. É necessário, isto é, é obrigatório os seres vivos respirarem.
Porém, em muitos outros casos a escolha é possível, como em casar ou não casar, ir de férias para o estrangeiro ou, antes, fazer obras na casa, etc.
A liberdade é irmã gémea da consciência; portanto, só os seres racionais são livres. Sabemos que somos livres porque deparamos com problemas que apresentam pelo menos duas alternativas.
Uma das melhores definições de liberdade pertence a Santo Anselmo, filósofo do séc. XII, que diz que a «liberdade é manter-se rectamente na vontade». A mesma razão que nos mostra as diversas hipóteses para resolver um dilema é capaz de deliberar sobre as melhores conclusões, ou seja, sobre a alternativa que é fundamentada nas melhores razões.
Uma pessoa é livre quando põe a sua vontade ao serviço daquilo que é mais razoável.
Um médico que é fumador e decide deixar de fumar e se mantém firme na sua vontade é uma pessoa livre. Todavia, todos conhecemos médicos que sabendo, como ninguém, os malefícios do tabaco continuam a fumar, embora concordem que o não deveriam fazer.
O livre arbítrio é esta possível escolha livre e responsável do mal, ou seja, da pior alternativa, em vez da melhor. Entra, agora, outro conceito em acção: a responsabilidade. Os actos livres são actos imputáveis.
Talvez o maior infortúnio contemporâneo respeite à desresponsabilização geral.
Quem não é responsável não é livre, quem não é livre não é pessoa.
" - Mário Cabral in Diário Insular

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