sábado, 7 de novembro de 2009

PECADOS CAPITAIS (40)

7. ORGULHO

7.2. A INTELIGÊNCIA

"Há pelo menos dois séculos que dura o mito da educação. Esta crença maior do iluminismo consiste em pressupor que a razão, por si só, libertará o ser humano de toda a infelicidade.
Ora, está mais do que visto que tal não é verdade. Os que têm mais habilitações académicas não são, à partida, nem mais educados, nem mais cultos, nem mais inteligentes, nem sequer mais felizes – e nem sequer mais ricos!
É pena!
Deveriam ser.
Todavia, até se pode concluir que a cultura está a ser assassinada dentro das escolas modernas. Sabem-no bem os professores, sabem-no também os políticos; sabem-no os pais, sabe toda a gente.
Então por que não retrocedem caminho?
Puro interesse – não há trabalhos.
Puro orgulho – antes quebrar que torcer.
A nossa racionalidade é um bem inestimável, com efeito. Mas onde foi a burguesia buscar a ideia que é preciso estudar para ser alguém? Ela é a prova do contrário! Está longe de ser evidente que a cabeça seja superior ao coração, por exemplo; ou às mãos, ou à força de vontade.
Para que serve entrar na universidade se não se é uma pessoa bem formada moralmente? E sem vontade ou jeito para trabalhar, para que serve tirar um curso? Para que serve estudar se não se tem objectivos de vida?
Se pudesse, a maior parte dos jovens não estudava. Talvez fossem mais felizes se se pusessem a trabalhar e casassem antes dos vinte e cinco. Não viria mal nenhum ao mundo, nenhum atraso, que para mexer num computador não é preciso grande preparação, ao contrário do que se diz.
Uns tem jeito para isto, outros competência para aquilo. Entre uma pessoa muito inteligente e outra muito boa, quem não opta pela segunda?
O iluminismo pôs o homem às escuras.
O sapo já rebentou: PUM!
" - Mário Cabral in Diário Insular

Sem comentários:

Enviar um comentário