sábado, 14 de novembro de 2009

PECADOS CAPITAIS (41)


7. ORGULHO

7.3. GENEALOGIAS

"O que será que leva uma pessoa a pensar-se superior às outras apenas por se lembrar dos seus antepassados até um par de séculos para trás? Bem vistas as coisas, somos todos filhos de Adão e Eva!
Nada garante que o filho do rei seja tão capaz quanto o monarca, supondo que este foi um bom governante. Aliás, nada garante que as pessoas bonitas tenham filhos bonitos, que as pessoas inteligentes tenham filhos inteligentes, etc.
Ao contrário, é sabido que o sangue apurado enfraquece, com resultados sinistros. Por outro lado, é ilógico e imoral classificar gente com base em linhagens físicas. Mesmo que o ganho fosse evidente, deveria ser proibido tratar a pessoas como bestas.
Uma das poucas vantagens da Revolução Francesa foi concretizar, em força de lei, o princípio cristão de que todos nascem iguais e devem, portanto, ter direitos iguais à partida.
A excelência é um caso individual.
Foram precisos dezoito séculos para convencer o Ocidente desta verdade. Outros tantos foram necessários para acabar com a escravatura. A igualdade, a liberdade e a fraternidade continuam a ser letra morta para a maior parte das outras culturas.
Mas parece que a Europa está cansada de ser livre e fraterna, e confunde-se toda com o igualitarismo. Outra genealogia se levanta, agora a dos genes, eles mesmos, que explicam tudo, como se não fôssemos nós a decidir isto e aquilo, conforme princípios morais!
A monarquia é forma injusta de reger sociedades. Não são os genes que determinam a pessoa humana. Ambas significam poder, domínio, dinheiro, orgulho. Decadência.
O que interessa é voar, sendo coxo. O que interessa é a pujança com que alguém se atira para a frente, integrado na Tradição, que é espiritual." - Mário Cabral in Diário Insular

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