domingo, 22 de novembro de 2009

PECADOS CAPITAIS (42)

7. ORGULHO

7.4. EUTANÁSIA

"Está a voltar à discussão pública nas sociedades modernas, autoproclamadas civilizadas. Vem disfarçada atrás da máscara do falso racionalismo, com a qual se têm introduzido as piores aberrações morais. Chega acompanhada dum conceito diabólico, que as bocas mais santas proclamam sem consciência do mal: “qualidade de vida”.
Uma cadeira é um “factum”: algo muito bem definido, cuja função não levanta problemas. Todos sabem para que serve uma cadeira. Uma cadeira sem um pé não serve para aquilo que foi feita e o melhor é destruí-la, antes que alguém se aleije.
A pessoa humana é um “faciendum”: processo em aberto e, portanto, infinito. É livre: repleta de possibilidades, até à hora da morte. Um assassino pode converter-se; e, lamentavelmente, o contrário também acontece. Quando o homem se define a si próprio, a si próprio se contradiz, ao trancar-se, pois deduz-se da liberdade que o ser humano precisa da eternidade para se concretizar.
O que é “ter qualidade de vida”? Ser saudável? Os doentes não são pessoas? Não há um que seja um génio? Será não andar numa cadeira de rodas? E as rampas? Será não ser pobre? Será o Corvo ou Nova Iorque? Seja o que for, é orgulho nazi que regressa passo a passo, devagar, como o primeiro.
Com o avanço da medicina, as pessoas vivem muitos anos e há técnicas de as manter vivas por muitos mais. A diária num hospital é muito cara. Não há camas que cheguem nos hospitais. Não há hospitais que cheguem. As mulheres já não ficam em casa a tratar dos velhos. Não há asilos que cheguem para tantos velhos. As reformas custam. Escapam muitos deficientes ao aborto. E há solidão e desânimo.
Esta é a verdade.
O resto é cinismo.
Soberba.
Pânico.
Histeria.
Demónio.
Inferno.
" - Mário Cabral in Diário Insular

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