Carvalho da Silva vai mais longe e diz que, não obstante serem obrigatórias e quem se atrasa no seu pagamento ser tratado nos processos pelo termo de arguido e ficar sujeito a penhoras, o roubo que são as contribuições para a Segurança Social não são impostos.
segunda-feira, 30 de novembro de 2009
Aumentos de impostos já aí estão (1)
Carvalho da Silva vai mais longe e diz que, não obstante serem obrigatórias e quem se atrasa no seu pagamento ser tratado nos processos pelo termo de arguido e ficar sujeito a penhoras, o roubo que são as contribuições para a Segurança Social não são impostos.
Ensino Básico e Secundário
O ensino visto por dois professores: o Nuno Crato, professor universitário e Maria do Carmo Vieira, professora do ensino secundário. Deixo de fora o Medina Carreira, pois a opinião dele já todos conhecemos.
Empreendedorismo (11)
domingo, 29 de novembro de 2009
PECADOS CAPITAIS (43)
7.5. O RISO
"A Poética, de Aristóteles, estuda a tragédia grega, sendo um clássico inestimável na definição da arte. O filósofo promete ocupar-se da comédia, mas, se o livro foi escrito, não chegámos a conhecê-lo.
Sobre este assunto, Umberto Eco escreveu O Nome da Rosa, um policial passado na Idade Média. A trama do best-seller – que deu um filme – cria a ficção de A comédia, de Aristóteles, ter sido destruída num convento dominicano, de modo a evitar o escândalo do seu conhecimento.
Aristóteles avisa que a comédia não merece ser escrita, pois ocupa-se das acções de homens vulgares, ao contrário da tragédia, que desenvolve com nobreza a condição radical da Humanidade. Na Idade Média, houve uma heresia que afirmava que Deus tinha criado o mundo a rir. Da boca aberta de Deus saíra a matéria e a vida.
A questão não é ligeira. Hoje em dia assistimos a algo muito parecido, com o riso diabólico da maioria dos nossos comediantes, que arruínam toda a tentativa de erigir um sentido legítimo para a vida dos seres humanos.
Os franciscanos introduziram – ainda na Idade Média – um outro tipo de riso: o da alegria perante a festa da Criação. Tudo é belo e bom e, portanto, digno do sorriso santo e agradecido.
Mas o riso que está directamente relacionado com o orgulho é o de alguém que ri de si próprio. O orgulhoso não ri de si mesmo. Faz escárnio dos outros, ridiculariza tudo o que há de mais sagrado no esforço humano de edificar o mundo – mas, de si, o orgulhoso não dá uma única gargalhada que seja. É fácil de compreender que rir de si próprio é uma qualidade raríssima.
O orgulhoso é muito sério, mesmo quando faz chacota. A boca dele abre-se, mas os olhos estão gelados. Por dentro está em pranto." - Mário Cabral in Diário Insular
sábado, 28 de novembro de 2009
sexta-feira, 27 de novembro de 2009
Alastram as empresas que não pagam salários
Os casos de salários em atraso vão naturalmente aumentar e o caso da Jaime Ribeiro é só um entre muitos.
Quem não quer ver-se numa situação de ser preso por ter cão e por não ter, na altura de escolher entre pagar ao Estado e pagar salários, obviamente opta por pagar ao Estado.
É injusto? É, mas o sistema é assim que funciona.
quinta-feira, 26 de novembro de 2009
Ética e legalidade
quarta-feira, 25 de novembro de 2009
Portugal
APE promoveu Seminário
25 de Novembro de 1975 - 34 anos
terça-feira, 24 de novembro de 2009
As comissões
Rómulo de Carvalho (1906-1997)
Há pouca poesia que tenha o efeito de me comover sempre que a leio ou ouço, como a deste ilustre Homem de ciência. Parabéns António Gedeão.
segunda-feira, 23 de novembro de 2009
Política económica nacional
Para quem, como eu, não pôde ver no sábado. Recomendável para todos os aprendizes de feiticeiro que acham serem apenas uns "velhos de Restelo". Acontece que estes "velhos de Restelo" sabem mais em estado de coma que aqueles aprendizes acordados e carregados de cafeína.
Os fretes de Constâncio (1)
domingo, 22 de novembro de 2009
PECADOS CAPITAIS (42)
7.4. EUTANÁSIA
"Está a voltar à discussão pública nas sociedades modernas, autoproclamadas civilizadas. Vem disfarçada atrás da máscara do falso racionalismo, com a qual se têm introduzido as piores aberrações morais. Chega acompanhada dum conceito diabólico, que as bocas mais santas proclamam sem consciência do mal: “qualidade de vida”.
Uma cadeira é um “factum”: algo muito bem definido, cuja função não levanta problemas. Todos sabem para que serve uma cadeira. Uma cadeira sem um pé não serve para aquilo que foi feita e o melhor é destruí-la, antes que alguém se aleije.
A pessoa humana é um “faciendum”: processo em aberto e, portanto, infinito. É livre: repleta de possibilidades, até à hora da morte. Um assassino pode converter-se; e, lamentavelmente, o contrário também acontece. Quando o homem se define a si próprio, a si próprio se contradiz, ao trancar-se, pois deduz-se da liberdade que o ser humano precisa da eternidade para se concretizar.
O que é “ter qualidade de vida”? Ser saudável? Os doentes não são pessoas? Não há um que seja um génio? Será não andar numa cadeira de rodas? E as rampas? Será não ser pobre? Será o Corvo ou Nova Iorque? Seja o que for, é orgulho nazi que regressa passo a passo, devagar, como o primeiro.
Com o avanço da medicina, as pessoas vivem muitos anos e há técnicas de as manter vivas por muitos mais. A diária num hospital é muito cara. Não há camas que cheguem nos hospitais. Não há hospitais que cheguem. As mulheres já não ficam em casa a tratar dos velhos. Não há asilos que cheguem para tantos velhos. As reformas custam. Escapam muitos deficientes ao aborto. E há solidão e desânimo.
Esta é a verdade.
O resto é cinismo.
Soberba.
Pânico.
Histeria.
Demónio.
Inferno." - Mário Cabral in Diário Insular
sábado, 21 de novembro de 2009
sexta-feira, 20 de novembro de 2009
O país não se apercebe da gravidade da situação em que se encontra
Para quem não assistiu. Recomendável em especial para quem acha que, apesar de pobres, podemos continuar simpáticos e alegres, que alguém vai garantir haver sempre dinheiro no Orçamento.
Orçamento Rectificativo
quinta-feira, 19 de novembro de 2009
quarta-feira, 18 de novembro de 2009
terça-feira, 17 de novembro de 2009
Campanha SOS salvou 3.744 cagarros
segunda-feira, 16 de novembro de 2009
Camorra Lusitana (7)
domingo, 15 de novembro de 2009
sábado, 14 de novembro de 2009
PECADOS CAPITAIS (41)
7. ORGULHO
7.3. GENEALOGIAS
"O que será que leva uma pessoa a pensar-se superior às outras apenas por se lembrar dos seus antepassados até um par de séculos para trás? Bem vistas as coisas, somos todos filhos de Adão e Eva!
Nada garante que o filho do rei seja tão capaz quanto o monarca, supondo que este foi um bom governante. Aliás, nada garante que as pessoas bonitas tenham filhos bonitos, que as pessoas inteligentes tenham filhos inteligentes, etc.
Ao contrário, é sabido que o sangue apurado enfraquece, com resultados sinistros. Por outro lado, é ilógico e imoral classificar gente com base em linhagens físicas. Mesmo que o ganho fosse evidente, deveria ser proibido tratar a pessoas como bestas.
Uma das poucas vantagens da Revolução Francesa foi concretizar, em força de lei, o princípio cristão de que todos nascem iguais e devem, portanto, ter direitos iguais à partida.
A excelência é um caso individual.
Foram precisos dezoito séculos para convencer o Ocidente desta verdade. Outros tantos foram necessários para acabar com a escravatura. A igualdade, a liberdade e a fraternidade continuam a ser letra morta para a maior parte das outras culturas.
Mas parece que a Europa está cansada de ser livre e fraterna, e confunde-se toda com o igualitarismo. Outra genealogia se levanta, agora a dos genes, eles mesmos, que explicam tudo, como se não fôssemos nós a decidir isto e aquilo, conforme princípios morais!
A monarquia é forma injusta de reger sociedades. Não são os genes que determinam a pessoa humana. Ambas significam poder, domínio, dinheiro, orgulho. Decadência.
O que interessa é voar, sendo coxo. O que interessa é a pujança com que alguém se atira para a frente, integrado na Tradição, que é espiritual." - Mário Cabral in Diário Insular
sexta-feira, 13 de novembro de 2009
Economia portuguesa cresceu 0,9% no terceiro trimestre
Camorra Lusitana (6)
Pessoalmente já conheci de tudo. Desde funcionários dedicados e competentes (poucos, mas bons), passando pelos indolentes e inúteis (demasiados), até aos intrinsecamente corruptos, sem qualquer tipo de pudor em anunciar por quanto se vendem (uma minoria).
Este enquadra-se aparentemente no último grupo.
Enquanto existirem comportamentos corporativos que dificultem, ou mesmo impossibilitem, que este tipo de indivíduos (os corruptos, mas também os inúteis) sejam rejeitados pelo sistema, a imagem que a Administração Pública transmite para a sociedade dificilmente mudará.
Vice-presidente do BCE
quinta-feira, 12 de novembro de 2009
Nusrat Fateh Ali Khan
Uma invulgar interpretação deste cantor paquistanês. Também o Paquistão não precisa ser apenas generais corruptos, estupidez e talibãs.
quarta-feira, 11 de novembro de 2009
Flores foi alimentada durante 12 dias apenas com renováveis
Diz-me com quem andas...
Está muito mau tempo, mas ainda não dei por isso
terça-feira, 10 de novembro de 2009
O Portugal real
Para quem não viu, já que foi para o ar no sábado na mesma altura em que havia futebol na televisão, recomendo o novo programa de Mário Crespo.
Não vou falar das opiniões do Medina Carreira, já que é conhecido pelo seu pessimismo crónico. Mas Nuno Crato e João Duque não costumam ser e deixaram aqui alguns temas que, pela sua gravidade, merecem a nossa reflexão.
Família milionária recebe agora rendimento mínimo
segunda-feira, 9 de novembro de 2009
Adrenalina em alta definição
20 anos depois
Vinte anos depois do que foi, em minha opinião, o acontecimento mais importante do século XX, ainda me emociono sempre que revejo as imagens daqueles dias.
Estava convencido que não viveria o tempo suficiente para assistir à queda do muro e no entanto tive esse privilégio.
Os Homens nascem para serem livres e os que já vieram relativizar a importância histórica daqueles dias, deviam ter vergonha, pois esquecem-se que é própria liberdade de que gozam que lhes permite ter opinião sem que por isso sejam encarcerados ou enviados para centros de re-educação forçada.
Natacha Atlas
Natacha Atlas, belga, filha de uma inglesa e de um egípcio de ascendência judaica e com raízes que vão da Palestina a Marrocos, é um fenómeno que demonstra bem como a miscisgenação pode ser uma coisa extraordinária.
domingo, 8 de novembro de 2009
Camorra Lusitana (5)
Será que se cada um de nós se endividar a níveis como os do mano Oliveira (lembram-se do outro que, já que de futebol não sabia coisa alguma, recorria a macumbas para dar sorte à selecção!!!) também teremos os nossos bancos tão simpáticos a oferecerem seis anos de carência de juros?
(nota: o mano oliveira não é o único obsequiado com estes períodos de carência tão generosos; a lista é demasiado extensa para colocar aqui)
sábado, 7 de novembro de 2009
PECADOS CAPITAIS (40)
7.2. A INTELIGÊNCIA
"Há pelo menos dois séculos que dura o mito da educação. Esta crença maior do iluminismo consiste em pressupor que a razão, por si só, libertará o ser humano de toda a infelicidade.
Ora, está mais do que visto que tal não é verdade. Os que têm mais habilitações académicas não são, à partida, nem mais educados, nem mais cultos, nem mais inteligentes, nem sequer mais felizes – e nem sequer mais ricos!
É pena!
Deveriam ser.
Todavia, até se pode concluir que a cultura está a ser assassinada dentro das escolas modernas. Sabem-no bem os professores, sabem-no também os políticos; sabem-no os pais, sabe toda a gente.
Então por que não retrocedem caminho?
Puro interesse – não há trabalhos.
Puro orgulho – antes quebrar que torcer.
A nossa racionalidade é um bem inestimável, com efeito. Mas onde foi a burguesia buscar a ideia que é preciso estudar para ser alguém? Ela é a prova do contrário! Está longe de ser evidente que a cabeça seja superior ao coração, por exemplo; ou às mãos, ou à força de vontade.
Para que serve entrar na universidade se não se é uma pessoa bem formada moralmente? E sem vontade ou jeito para trabalhar, para que serve tirar um curso? Para que serve estudar se não se tem objectivos de vida?
Se pudesse, a maior parte dos jovens não estudava. Talvez fossem mais felizes se se pusessem a trabalhar e casassem antes dos vinte e cinco. Não viria mal nenhum ao mundo, nenhum atraso, que para mexer num computador não é preciso grande preparação, ao contrário do que se diz.
Uns tem jeito para isto, outros competência para aquilo. Entre uma pessoa muito inteligente e outra muito boa, quem não opta pela segunda?
O iluminismo pôs o homem às escuras.
O sapo já rebentou: PUM!" - Mário Cabral in Diário Insular
sexta-feira, 6 de novembro de 2009
quinta-feira, 5 de novembro de 2009
Uma questão de confiança (3)
quarta-feira, 4 de novembro de 2009
1 ano depois
Laicismo vs Estupidez (1)
É tão estúpido como é obrigar as nossas jornalistas a andarem de cabeça coberta nos países muçulmanos ou como seria proibir a senhora que circula em Angra com uma indumentária tipo burqa (não sei se este é o nome correcto para o que usa) de ter os filhos a estudar na escola católica existente na ilha.
Camorra Lusitana (4)
Os intocáveis
"O processo Face Oculta deu-me, finalmente, resposta à pergunta que fiz ao ministro da Presidência Pedro Silva Pereira - se no sector do Estado que lhe estava confiado havia ambiente para trocas de favores por dinheiro. Pedro Silva Pereira respondeu-me na altura que a minha pergunta era insultuosa.
Agora, o despacho judicial que descreve a rede de corrupção que abrange o mundo da sucata, executivos da alta finança e agentes do Estado, responde-me ao que Silva Pereira fugiu: Que sim. Havia esse ambiente. E diz mais. Diz que continua a haver. A brilhante investigação do Ministério Público e da Polícia Judiciária de Aveiro revela um universo de roubalheira demasiado gritante para ser encoberto por segredos de justiça.
O país tem de saber de tudo porque por cada sucateiro que dá um Mercedes topo de gama a um agente do Estado há 50 famílias desempregadas. É dinheiro público que paga concursos viciados, subornos e sinecuras. Com a lentidão da Justiça e a panóplia de artifícios dilatórios à disposição dos advogados, os silêncios dão aos criminosos tempo. Tempo para que os delitos caiam no esquecimento e a prática de crimes na habituação. Foi para isso que o primeiro-ministro contribuiu quando, questionado sobre a Face Oculta, respondeu: "O Senhor jornalista devia saber que eu não comento processos judiciais em curso (…)". O "Senhor jornalista" provavelmente já sabia, mas se calhar julgava que Sócrates tinha mudado neste mandato. Armando Vara é seu camarada de partido, seu amigo, foi seu colega de governo e seu companheiro de carteira nessa escola de saber que era a Universidade Independente. Licenciaram-se os dois nas ciências lá disponíveis quase na mesma altura. Mas sobretudo, Vara geria (de facto ainda gere) milhões em dinheiros públicos. Por esses, Sócrates tem de responder. Tal como tem de responder pelos valores do património nacional que lhe foram e ainda estão confiados e que à força de milhões de libras esterlinas podem ter sido lesados no Freeport.
Face ao que (felizmente) já se sabe sobre as redes de corrupção em Portugal, um chefe de Governo não se pode refugiar no "no comment" a que a Justiça supostamente o obriga, porque a Justiça não o obriga a nada disso. Pelo contrário. Exige-lhe que fale. Que diga que estas práticas não podem ser toleradas e que dê conta do que está a fazer para lhes pôr um fim. Declarações idênticas de não-comentário têm sido produzidas pelo presidente Cavaco Silva sobre o Freeport, sobre Lopes da Mota, sobre o BPN, sobre a SLN, sobre Dias Loureiro, sobre Oliveira Costa e tudo o mais que tem lançado dúvidas sobre a lisura da nossa vida pública. Estes silêncios que variam entre o ameaçador, o irónico e o cínico, estão a dar ao país uma mensagem clara: os agentes do Estado protegem-se uns aos outros com silêncios cúmplices sempre que um deles é apanhado com as calças na mão (ou sem elas) violando crianças da Casa Pia, roubando carris para vender na sucata, viabilizando centros comerciais em cima de reservas naturais, comprando habilitações para preencher os vazios humanísticos que a aculturação deixou em aberto ou aceitando acções não cotadas de uma qualquer obscuridade empresarial que rendem 147,5% ao ano. Lida cá fora a mensagem traduz-se na simplicidade brutal do mais interiorizado conceito em Portugal: nos grandes ninguém toca." - Mário Crespo in Jornal de Notícias
Mostar Sevdah Reunion
Volto hoje a este grupo bósnio a propósito da homenagem que foi feita a Bill Clinton no Kosovo. O papel do ex-presidente dos EUA em todo o conflito nos Balcãs foi determinante. Enquanto a Europa assistia impávida às maiores atrocidades pós 2ª Grande Guerra, Clinton tomou decisões. Pior que decidar mal é não decidir coisa alguma.
Uma questão de confiança (2)
terça-feira, 3 de novembro de 2009
segunda-feira, 2 de novembro de 2009
Camorra Lusitana (2)
E já há o envolvimento de pelo menos um chefe da Repartição de Finanças, de pessoal da GNR e um candidato do PSD a uma câmara municipal. Alguém surpreendido?
domingo, 1 de novembro de 2009
PECADOS CAPITAIS (39)
7.1. O ORGULHO EM SI
"O orgulho é o desconhecimento total do amor. Amar é humilhar-se, com alegria. Mas o orgulhoso confunde tudo e pensa que é ser humilhado. Ele vê trevas onde só há luz. Exclama: «Eu sou mais Eu». «Non serviam» é a divisa de Lúcifer, que significa: «Não sirvo!». Com efeito, o Demónio não serve para nada.
O orgulho é, ainda, o pior dos defeitos porque se satisfaz consigo próprio. O preguiçoso lamenta a sua falta de vontade, o irado põe as mãos à cabeça depois da fúria; e assim por diante com os outros defeitos. Mas o soberbo levanta o queixo mesmo quando vê claramente visto que não tem razão. É teimoso. Prefere morrer a torcer.
O orgulho é soberba, soberba é vaidade, vaidade é tolice, lebre que pensa que nunca será ultrapassada pela tartaruga. A vaidade é ignorância porque não puxa por si, não avança, enrola-se sobre si mesma. O orgulho é autismo. O orgulho é escuro como o breu.
Está na moda falar de “amor-próprio” e de “auto-estima” e quejandos. Perversidades. Quem chegou à conclusão de que não vale nada quase sempre foi mal amado e precisa é que o abracem. Aconselhar alguém neste estado de alma a ver-se ao espelho como a madrasta da Branca de Neve é ciência de feira da ladra. Temos que ensinar as pessoas é a vir cá para fora, onde há a festa de roda. Dentro de nós é que começa o medo.
O orgulho é o início da loucura. A soberba é a ausência do princípio de realidade. Se todo o mundo seguisse o exemplo dos orgulhosos, os animais não acasalavam, as fêmeas não criavam os seus rebentos, as abelhas não polinizavam as flores e por aí fora. Em vez do tecido bem urdido que é a Natureza, teríamos átomos soltos a rebentar, de estéreis.
O orgulho é o pai da Morte." - Mário Cabral in Diário Insular