terça-feira, 5 de janeiro de 2010

PECADOS CAPITAIS (48)

CONCLUSÃO

3. A VIRTUDE

"Depois de um ano inteiro a falar de pecados pode-se ficar com a impressão perversa de que não é possível ser perfeito e, portanto, que mais vale gozar a vida enquanto é tempo.
Na verdade, é muito difícil atingir a perfeição, mas este facto não diminui em nada a beleza da virtude e a obrigação moral de fazermos o bem e de evitarmos o mal a todo o custo.
Outra pecha apontada com frequência ao discurso moral resume-se na frase: «Bem prega Frei Tomás; faz o que ele diz, não faças o que ele faz». É um ditado divertido na sua ambiguidade, pois da evidência de uma pessoa ser imperfeita não se pode concluir que não tenha o dever de apontar para a perfeição.
Aborrece muitíssimo cair e voltar a cair em pecados que são reconhecidos na sua manifesta deficiência. Aceitar a queda como uma fatalidade é desistir da condição humana, que é marcada pelo sopro da perfeição.
Para além disso, há muitos exemplos de pessoas virtuosas, que praticaram e praticam o bem num grau heróico e santo. Ao lado delas, o corrompido surge com a fealdade dos monstros, mais próximo da bestialidade do que da luz racional.
Os filmes da moda tomam por heróis as personagens más, que dizem obscenidades e praticam a violência indescritível. A arte, em geral, produz obras inacabadas e disformes, de péssimo gosto. A alma boa é ridicularizada na praça pública. São sinais da decadência ocidental, que há que inverter.
O Bem tem de levantar a cabeça e a virtude impor-se como o garante da cidadania, pois este atrevimento contemporâneo só existe porque alguém trabalha em silêncio e paga os impostos que servem para o rendimento mínimo, a saúde pública e a escola do Estado.
O Bem é que é absoluto.
O mal é sempre relativo ao Bem.
" - Mário Cabral in Diário Insular

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