2. AVAREZA
2.3. A RIQUEZA DAS NAÇÕES
"Afirma-se à boca cheia que as nações devem ser ricas. Uma nação não tem de ser rica mas feliz. Nada garante que as nações mais ricas sejam as mais felizes. Um país pode ser mais feliz quando pobre do que o contrário.
A felicidade significa ter um sentido para a existência; quanto mais coerente e amplo ele for, quanto mais perfeito. O sentido organiza o naipe de valores culturais de um povo, quadro de referências indispensável à sobrevivência espiritual do indivíduo.
No plano estratégico, compreende-se que uma nação deseje ser rica. A riqueza traz poder e uma civilização de valores elevados pode ter que defender-se da barbárie; e até procurar expandir-se.
O problema surge quando a riqueza das nações não se fundamenta num sistema de valores; então, o poder e a riqueza valem por si mesmos, o que indicia que a decadência se aproxima, expressa no desespero existencial.
Algo assim devasta a Europa. Portugal deveria abandoná-la já, pois que devido à ganância dos subsídios, fundos de coesão e quejandos, está a perder todos os valores referenciais próprios, desfigurando o rosto.
Por causa da abominável plutocracia que nos subjuga, fomos perdendo poder decisório e independência real. As leis vêm de fora, do abstracto, são incompreensíveis, não estão vinculadas à realidade concreta da experiência humana, o que aponta para a tirania.
Esta doença começou na Geração de 70, o pior momento da história lusa, quando, como cães, nos virámos à própria cauda. É insuportável ouvir um português vender a Pátria, por não entender a supremacia cultural do sul, em relação à fatal avareza do norte, que está a acabar com o pouco que sobra daquilo que outrora foi a grande civilização ocidental." - Mário Cabral in Diário Insular
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