3. A LUXÚRIA
3.4. O CULTO DA JUVENTUDE
"O culto da juventude revela o abandono do espírito, inclinação para os lados da luxúria, delírio tornado ameaça quando o poder é entregue aos jovens, moda que já prolifera no Ocidente.
Os jovens têm a beleza física e toda a pujança vital, qualidades excelentes para a reprodução e para a guerra; mas não é costume a juventude ser sensata e ponderada, marcas da maturidade, indispensáveis às sociedades humanas. Baralhar esta ordem de razões é fatal para a civilização. Conduz à impiedade.
Aos mais novos falha a experiência da vida, fonte de certeza fundamental ao chefe. Até o jovem melhor formado carece do refinamento que os anos trazem à inteligência pura. Uma criança resolve um problema lógico – mas as crianças são conhecidas por serem inflexíveis na aplicação de conceitos como Bem e Justiça. Falta-lhes a subtileza de quem já muito viu e viveu. A palavra “senhor” deriva de “senior”, bem como “senado”.
Isto é tanto mais assim quanto amadurecemos muito tarde nas sociedades contemporâneas. Nos tempos que correm, jamais se deveria atribuir poder a quem não tivesse pelo menos cinquenta anos e não fosse casado.
Também deve ser evitado atribuir poder a pessoas que não sejam formadas em Humanidades, porque só a Filosofia, a História, a Literatura, a Religião e as Artes enobrecem a alma humana. Outras formações académicas dão óptimos segundos lugares, que são os técnicos e especialistas, mas não líderes.
Sociedades governadas por jovens abandonam progressivamente a alta estirpe que fez da Europa o clímax da Humanidade. Revelam esquecimento das raízes, descrença no futuro, desespero face à morte. Concorrem pelo prazer e pelo dinheiro. Têm os dias contados, porque o Tempo é implacável." - Mário Cabral in Diário Insular
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