A questão da sorte de varas tem causado uma grande produção de opiniões nos blogs da região, mais contra que a favor. Curiosamente este fenómeno não tem acontecido na imprensa regional com a mesma intensidade e hoje estamos à beira de assistir à aprovação desta prática pela ALR, sem que se tenha feito um debate sério sobre o assunto.
Por conseguir perceber muitos dos argumentos contra e a favor, confesso que tenho estado dividido quanto ao assunto.
Por um lado, estou convencido que sem toureio não existirão touros, pois não servem para mais nada e quando isso acontece a um animal ele extingue-se a prazo. A nossa relação com os animais é, ainda hoje, muito ditada pela utilidade objectiva que possam ter. Assim, muitos dos argumentos dos que estão a favor, e sendo a tourada um espectáculo centrado no touro, são coerentes.
Por outro, na qualidade de ex-apreciador, considero cada vez mais estas manifestações pouco dignas de animais e Homens. E aqui vou mesmo mais longe que alguns que, estando contra a sorte de varas, se assumem como defensores das touradas. Hoje não aprecio tourada alguma, nem mesmo à corda. Acho mesmo estas últimas, em muitos aspectos, piores e mais degradantes que as de praça. Mas isto são questões laterais às que se colocam agora.
Sou um regionalista convicto. Considero que a região nunca fez totalmente uso das prerrogativas que já detinha em matéria legislativa. Escolhe agora um péssimo tema para usar as que o novo Estatuto Político lhe atribui, já que existem muitas outras matérias onde o poderia fazer com maior proveito da comunidade (p.e. fiscalidade ou certificação energética, só para citar duas).
Apesar de não haver números, a acontecer a aprovação da sorte de varas pela ALR, estou convencido que acontecerá contra a opinião da maioria dos eleitores, mesmo da Terceira.
O processo legislativo regional será sempre, por natureza, um processo de conquista, muitas vezes em conflito com o nacional e com as visões centralistas que quase sempre o caracterizam. Mas esta conflitualidade será positiva se tiver como suporte a vontade expressa da comunidade e os seus interesses. Não me parece que a sorte de varas seja o caso.
O órgão máximo da Autonomia Regional presta assim um péssimo serviço à regionalização, ao país e, em especial, à própria região. Espero por isso que, seja qual for a decisão dos deputados, ela seja muito bem explicada e em especial assumida por cada um deles.
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