sábado, 16 de maio de 2009

PECADOS CAPITAIS (15)


3. A LUXÚRIA

3.5. O PRAZER DE ESTAR DOENTE

"Engana-se quem pensa que só há luxúria no corpo saudável. Há lascívia fina em alguns corpos que se comprazem em estar doentes.
Quando não desenvolvemos o desejo inevitável de infinito, viramo-nos para nós próprios, como aqueles cães que buscam desesperadamente apanhar o próprio rabo. À falta de melhor, temos um corpo. Ai, doce comprazimento!
Este mal ataca mais os que têm para cima de quarenta, por razões óbvias: o corpo jovem dá prazer; mas, a partir daquela idade, cada dia acarreta dor nova. Normal é uma pessoa não ligar, sentir a nova dor e esquecê-la, ou rir-se dela, dado que a partir dos quarenta valores mais altos se alevantam. O problema está em que cada vez mais os quarentões procuram desesperadamente fugir à lei inalienável da vida.
Pouco a pouco, as gavetas da cozinha vão-se enchendo de sacos de plástico com pomadas e comprimidos e bombas e um arsenal de nomes que muitos de nós sabem melhor do que se tivessem cursado Farmácia. Passo a passo as conversas vão-se inclinando para esta inflamaçãozita que me apareceu aqui, estás a ver?! Ai, se tivesses esta minha dor de costas! É como quem diz: ainda tenho corpo. Em alguns casos, o gozo é impúdico.
Outro modo de estar doente… é o desespero com que se combate a doença. Não fumar, não beber, não comer nada salgado, não comer nada doce; beber sete litros de água por dia; é a gripe das aves e a das vacas e a dos porcos…há-de vir a dos burros. Se um médicozito se lembrar de dizer que faz mal respirar, deixa-se de respirar e pronto!
O vício começa com dietas, com idas ao ginásio disto e daquilo. Volta e meia vem a moda das orientalices. Dantes, apanhava apenas as mulheres. Os homens usavam farda, ocupavam-se de coisas sérias." - Mário Cabral in Diário Insular

3 comentários:

  1. Bem vindo ao clube, mas o pior é quando a cabeça começa a inventar aquelas doenças que nao existem, ai é que ficamos mesmo doentes.

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  2. É mal de que não sofro por enquanto.
    Se há defeito que tenho é o de frequentar pouco os médicos.
    Tive a felicidade de frequentar uma escola que me deu saúde e que tento manter.
    E tenho um desejo na vida: morrer num dia normal de trabalho.

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  3. Quanto a mim foi desde que parei de praticar desporto com intensidade, � que
    me apareceram as dores, mas isso � normal como acontece quando o organismo
    estava habituado a um modo de vida, nunca tomei medicamentos porque a minha
    droga era o desporto maratonas futebol etc etc hoje estou a pagar o corpo
    nao perdoa, nao se pode mudar as pe�as como os automoveis, no meu caso � a
    anca que esta gasta artrose, mas enfim ainda posso andar de bicicleta.
    Um abra�o
    2009/5/20 JS-Kit.com Comments <
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