De todos os males que qualquer pequeno empresário tem de enfrentar, o pior é em minha opinião o péssimo hábito que se instalou de pagar a tarde e más horas. E em alturas como a que se vive transforma-se numa bola de neve em que ninguém paga a ninguém.
A menos que tenhamos um negócio de retalho em que o pagamento é sempre a pronto, os prazos de pagamento são há muitos anos a maior praga da nossa economia, com o Estado à cabeça como principal responsável. Como em quase tudo o que é mau, estamos entre os melhores dos piores pagadores da Europa.
Esta praga (não me ocorre outro nome) é ainda agravada com o facto do Estado exigir-nos o IVA com a emissão da Factura e não quando efectivamente recebemos, ou seja, quando emitimos o Recibo. E tudo porque não está para introduzir incerteza nas suas receitas fiscais (palavras do Ministro Teixeira dos Santos). Mas sobre o IVA em particular falarei num outro post.
Temos o hábito de criticar os americanos, mas confesso que, nas poucas vezes que tive oportunidade de trabalhar com eles, sempre foram pagadores exemplares. A regras são simples e claras: se o trabalho está pronto é pago de imediato; se houver adiantamentos ou atrasos nos prazos, os prémios ou as multas são automáticos. Nada melhor.
A solução mais comum para este problema são as Contas Correntes Caucionadas e, como sempre, quem ganha com isso são os bancos. Na prática pagamos juros à banca sobre dinheiro que é nosso e que não recebemos.
Outra solução menos comum e mais cara é o "factoring". Com este produto a banca adianta-nos o valor de cada factura que lhe é apresentada. Mas, como é comum na banca, além de custar os olhos da cara, não corre qualquer risco, pois ou só o pratica quando o cliente é o Estado ou exige aprovar previamente uma lista de clientes. Exclui todos os que considerar que são de risco. Conclusão: o bom mesmo é ser banqueiro.
O que acham os candidatos a empreendedores? Animador?
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