segunda-feira, 6 de abril de 2009

Incêndio no Hospital S. Francisco Xavier

O recente incêndio no Hospital S. Francisco Xavier coloca a nu a situação de muitos outros hospitais e edifícios que são geradores de grandes concentrações de pessoas.
E coloca também a questão preocupante de muitos responsáveis por estes edifícios estarem convencidos que basta a existência de Planos de Emergência para que fiquem resolvidas as deficiências de (falta) de Segurança (do conceito safety, pois as de security são outro âmbito, mas importante de igual modo).
Sendo fundamentais, os Planos de Emergência, especialmente quando não testados e treinados, são completamente inúteis se a montante não foram resolvidos os problemas de Segurança.
E no caso do Hospital S. Francisco Xavier o que parece ter falhado em cadeia foram aspectos que deveriam estar resolvidos a montante do Plano de Emergência, ou seja, em fase de Projecto de Segurança.
Das declarações que alguns responsáveis deram à imprensa retive coisas como "fumo nos elevadores", "cortes de energia", "dificuldades nas comunicações", "falhas nos telefones", "as comunicações acabaram por ser efectuadas através de telemóveis", "subida do fumo pelas condutas de ar condicionado", etc. Só esta meia dúzia de aspectos dava assunto para vários posts.
Ao que parece nem tudo estava por resolver já que também me foi possível reter que "as ligações são feitas por portas corta-fogo". Mas não existindo registos corta-fogo no ar condicionado a eficácia daqueles elementos de compartimentação fica, à partida, comprometida. Lembro que os maiores responsáveis por baixas nestas situações são os fumos e gases e não o fogo.
E estamos a falar de um fogo numa cozinha, que foi extinto em cerca de 14 minutos e até tinha portas corta-fogo. Imaginemos uma situação mais grave, perfeitamente possível, já que uma situação de incêndio torna-se incontrolável em poucos minutos.
Sei que a minha preocupação deriva da minha formação e profissão, e que para a maioria dos cidadãos comuns estas preocupações estão longe das suas prioridades.
Toda a gente frequenta locais como o Hospital de Angra sem grandes preocupações com a sua segurança, sem imaginar sequer que, neste caso particular (mas não é o único), nada está feito, nem ao nível da Segurança nem ao nível da Emergência (para que não haja mal entendidos, não estou a referir-me à emergência médica, como é óbvio). Ao nível das instalações e da organização não tem, em minha opinião, qualquer capacidade para responder a uma situação interna grave.
Mais do que as promessas por cumprir, são estes os aspectos que tornam tão urgente o novo hospital em Angra.
Mas nem tudo é mau na Terceira em particular, onde há já muito trabalho feito nestas áreas, nem na Região em geral.
Do bom trabalho, e por estar a falar de hospitais, destaco o Hospital de Ponta Delgada, onde, para além de analisados e corrigidos alguns aspectos da segurança intrínseca das instalações, foi elaborado o Plano de Emergência, documento posteriormente acreditado, em termos de qualidade, de acordo com as exigências do King's Fund. Os responsáveis do hospital de Angra se precisarem de aprender nem sequer têm de ir longe.


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