quarta-feira, 15 de abril de 2009

Ser honesto não é ser parvo. É ser sério

Sofia Santos é economista, sócia-fundadora da Sustentare e foi uma das promotoras do Movimento Cívico Iva Com Recibo.
Recebi hoje por mail um texto seu publicado aqui que, por ser uma boa reflexão em ano de eleições, decidi reproduzir na íntegra.

"Os factores que originaram a crise em que vivemos são vários. No entanto, é possível identificar a honestidade como sendo o factor mais relevante. Mas há que falar de honestidade num sentido amplo, que incorpora responsabilização, ética, preocupação com o outro e com o bem-estar global da sociedade que, inclui, obviamente, o bem-estar individual de cada um de nós.
Imagine-se um mundo em que nenhum de nós tem receio de ser atraiçoado, em que confiamos nas acções dos outros e que existe uma capacidade de diálogo, sereno e sério, entre aqueles com os quais temos relacionamentos. Um mundo em que existisse uma efectiva preocupação com a felicidade da sociedade e com a harmonia económico-ambiental e social. Imagine-se um mundo em que não se mente, em que não se omite e onde as frases são transparentes e verdadeiras. Onde as críticas são bem-vindas por serem construtivas e onde ninguém se regozija pela desgraça alheia. Onde existe cooperação entre várias partes para se atingir um fim comum, em vez de se destruir o projecto alheio em prol do nosso próprio. Um mundo onde o trabalho fosse um prazer e um divertimento, em vez de ser um tormento devido à malvadez ou egoísmo de alguns. Um mundo em que a cidadania está incutida nas acções diárias das pessoas. Não seria bom? Não teríamos todos nós muito menos stress? Não teríamos uma vida muito mais agradável?
Bem sei que o Homem não é racional e como tal muitas das vezes acaba por tomar decisões que o irão prejudicar mais tarde. Esta crise acaba por ser uma demonstração dessas acções. Mas, tal não significa que esqueçamos o papel da Honestidade e o valor que esta tem.
Este ano vamos ter três eleições. Muita coisa vai ser dita: críticas, propostas e promessas. Vamos assistir a um bombardeamento de argumentos, muitos dos quais não saberemos se são verdadeiros ou não. Vamos ouvir muitas intenções e vamos ficar com muitas dúvidas face à sua veracidade. Mas vamos ficar com esperança de que coisas novas e sensatas sejam feitas e que novas atitudes sejam implementadas pelos nossos políticos. Vamos ouvir muitos teóricos a opinar sobre o mundo empresarial sem nunca nele terem trabalhado, mas mesmo assim vamos estar crentes de que alguém desenvolverá políticas mais coerentes e realistas. E vamos votar.
Ser honesto não é ser parvo. Ser honesto é ser uma pessoa séria e o país precisa de governantes, empresários e cidadãos sérios.
Será que nestas três eleições alguém vai prometer ser honesto? Ou seja, será que nestas três eleições temos as pessoas de que o país precisa? Em prol da honestidade: espero que sim.
E os cidadãos? Somos nós o povo de que o país precisa? Penso que esta é a pergunta principal sobre a que todos devemos reflectir.
"

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