segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

Empreendedorismo (1)

Numa altura em tanto se fala de empreendedorismo e da necessidade de cada um conseguir criar o seu próprio posto de trabalho, fico muitas vezes com a dúvida se as entidades promotoras dos vários concursos que tem sido noticiados, informam os candidatos sobre os prós e os contras decorrentes de ter e dirigir com profissionalismo uma pequena empresa, num país onde ainda se associa ter uma empresa aos "patos bravos" e a valorização social passa por ter um bom emprego, de preferência no Estado.

Vou dar um exemplo para ilustrar o que acabo de dizer: na América um pai casa bem uma filha quando o genro tem o seu próprio negócio; em Portugal um pai casa bem uma filha quando o genro tem um emprego no Estado.

Como eu próprio possuo e trabalho enquadrado numa micro-empresa, decidi partilhar com quem vier a ler o meu blog algumas das vantagens e desvantagens que ao longo dos anos tenho sentido.

Não posso, no entanto, e antes de mais deixar de enquadrar a realidade nacional no que toca ao nosso tecido empresarial, pois não são as empresas do PSI 20 o motor da nossa economia e as maiores geradoras de emprego. Quem está a pagar o deficit do Estado são as PME's.

Em Portugal 99,6% das empresas são PME's e estas são responsáveis por 75% dos postos de trabalho. No caso particular das micro-empresas a contribuição no total do Valor Acrescentado Bruto (VAB) é de 20% e contribuem para o IRC arrecadado pelo Estado com 19 a 31%.

Vejamos pois quais são, em minha opinião, as vantagens e desvantagens de tomarmos nas nossas mãos a responsabilidade do nosso próprio posto de trabalho.

Comecemos pelas vantagens:

- maior independência (indispensável para quem não tem estômago para engolir sapos)

- possibilidade de escolher os colaboradores

- ganha-se mais dinheiro (pelo menos potencialmente, uma vez que os prazos de pagamento que são hábito em Portugal fazem com que se perca em juros à banca aquilo que se ganha trabalhando sem se receber em prazos razoáveis; e no rol de maus pagadores encontra-se todo o tipo de clientes entre eles o Estado)

Passemos às desvantagens:

- trabalham-se mais horas

- fins-de-semana, férias e salário em data certa deixam de estar garantidos

- quando existem empregados passamos a ter directamente dependentes de nós outras pessoas (e indirectamente as respectivas famílias)

- passamos a lidar com o Estado (Fisco e Segurança Social) numa perspectiva diferente, pois as obrigações fiscais deixam de ser anuais, como acontece com os trabalhadores por conta doutrem, e passam a ser mensais, o que envolve mais pressão (o prazos têm de ser cumpridos de forma escrupulosa, haja liquidez ou não, caso contrário entra-se numa bola de neve de multas e contra-ordenações que acabam invariavelmente em porta fechada; hoje é quase preferível dever à máfia do que ao Fisco)

- os prazos de pagamento e as cobranças são um eterno calvário.

No caso particular do Estado prenda-nos com alguns mimos, que serão tema de outros post's.

2 comentários:

  1. Boas
    Via no mapa um ponto no atlantico, mas nào imaginava, que fosse tb um penicheiro, os meus parabens pelo blog,sempre tem temas terra a terra embora o autor viva numa ilha.
    Um abraço.

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  2. Obrigado pela visita ao blog.
    É o que a net tem de bom: encurta distâncias e permite-nos ir matando saudades.
    Apesar de ser uma terra tão madrasta para tantos de nós penicheiros, não conseguimos deixar de ter grande parte do nosso pensamento nela.
    Em algumas das fotos da nossa costa quase conseguimos sentir o cheiro do mar que nos ficou da infância e isso dá-me um aperto no peito.
    Aqui em Angra há vários penicheiros como pelo resto do Mundo.
    Um abraço e vá aparecendo.

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