quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Maranatha (14)


II. FUNDAMENTOS

8. A TERRA-NATAL

"Maranatha não fará parte da União Europeia. Poucos têm capacidade de amar área tão vaga. Aproveitando o facto de estarmos numa ilha, espaço simbólico por excelência, tomemos a Terceira pela medida ideal para Maranatha.
O amor à terra-natal é sentimento-alicerce na sociedade que estamos a idealizar. Quem não é patriota está preparado para vender a própria mãe. Revela grave desvinculação face ao Passado, à Cultura e à Língua, o que perturba a saúde da política real.
Viver em comunidade exige laços de pertença, espécie de corpo colectivo no qual, à imagem dos órgãos físicos, cada um encontra a sua função e sentido específico integrado.
Ser mandado requer este vínculo.
A terra não é necessária para o efeito: judeus e ciganos são os contra-exemplos perfeitos, assim como os crentes duma religião, mesmo pertencentes a nações distintas (ex: os católicos). Mas é inegável que a terra-natal funciona como ventre que irmana aqueles que não pertencem à mesma família.
Ninguém ama a Europa desta maneira. Dantes, havia a Cristandade e as nações estavam unidas por laços de família. Mas o Protestantismo acabou com esta perfeição, que urge repor. Por enquanto, estão juntos pelo interesse, que nunca gera confiança. Não há uma religião europeia, nem uma cultura europeia, nem um povo europeu.
Nem sequer há Açores, ideia criada a partir das autonomias, modelos abstractos, isto é, que não foram realmente escolhidos pelo povo. Houve Açores quando havia a capital do Reino, mãe amada, que foi assassinada.
Na Terceira, preferimos ser mandados por Lisboa do que por Ponta Delgada. Pior, só a Europa, que nos rouba o mar e os costumes agrícolas, etc.
Os impérios são cancros.
A Pátria tem a forma dum coração.
" - Mário Cabral in Diário Insular

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