IV. ECONOMIA
4. PRODUTORES E CONSUMIDORES
"Houve altura em que a Graciosa tinha mais vinho do que água; como nas ilhas todas, não havia dinheiro, embora não faltasse feijão, batata, ovos, peixe e o resto.
Anuncia-se o colapso da era consumista. Porém, o busílis não está no regresso inevitável à economia de subsistência, outrossim na escolha consciente entre ser produtor ou consumidor.
Não passa pela cabeça de ninguém que os açorianos comprem peixe aos espanhóis e leite aos holandeses. Contudo, já é uma realidade que os nossos lavradores se abasteçam de maçãs e tomates no hiper; pior: que não saibam plantar hortícolas!
Trata-se duma questão mental, como tudo o que é humano. Decidimos ser modernos, identificando progresso com modelos estrangeiros, sem usarmos de critério inteligente para distinguir entre bem-estar consumista e felicidade criadora.
Esta confusão é fatal, porque a economia é um campo da moral. Veja-se como a América decadente está nas mãos da China, como Roma também acabou por ser um sugador de produtos vindos das colónias.
Em Maranatha jamais o consumo se sobreporá à produção. Em todas as áreas seremos criadores da solução para as nossas necessidades, que não precisam de ser primitivas ou artesanais.
Suponhamos o trabalho da terra. Por exigências de verdadeira modernidade, incentivaremos o cultivo biológico, explicando porque é que o que vem de fora é pior, embora pareça melhor.
Suponhamos a energia; não temos petróleo – mas quem precisa de petróleo no século XXI, quando tem tanto vapor vulcânico, tanto vento e tanto mar e sol o quanto baste?!
Suponhamos a cultura: ai dinheiro que se gasta com a importação de palha, só porque está na berra! Entretanto, o nosso génio, envergonhado, acaba por definhar." - Mário Cabral in Diário Insular
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