terça-feira, 17 de agosto de 2010

Maranatha (19)


III. PODER

3. CONCEITOS QUE NÃO SERVEM

"Em Maranatha não teremos políticos profissionais; nem partidos políticos, sendo evitadas todas as ideologias que não tenham fundamento na vida real das comunidades; nem este tipo perverso de eleições, folclore abominável em que nos viciaram.
O trabalho duma pessoa é a forma pela qual ela se realiza enquanto indivíduo, ao mesmo tempo que sustenta a sua casa. O interesse comunitário não é uma profissão. São níveis distintos da realidade: a profissão está ao nível económico, enquanto os assuntos públicos estão ao nível político.
Fazer da coisa pública a sua profissão é uma contradição nos termos, que promove todo o género de confusões, a começar por esta — política confundida com economia — e todo o tipo de interesseiros.
Quem não tiver independência económica não poderá exercer actividade política. Esforçar-nos-emos para que os responsáveis por Maranatha consigam permanecer na sua vida privada normal. Nas freguesias, e mesmo nos municípios, as pessoas dão conta do recado. Mas admitindo a urgência de cargos a tempo inteiro, sejam estes pagos por cada comunidade, ao custo do ordenado de origem de cada um. O máximo será dois mandatos de três anos.
Quanto às ideologias, foram inventadas pelos modernos e já ninguém sabe o que fazer com elas. Partidos de direita e partidos de esquerda têm virtudes e vícios trocados, são defeituosos, pois não se enraízam na Verdade; são utopias adolescentes, que teimam em não resignar.
Uma coisa é “candidatar-se” outra é “ser eleito”. Há vaidade em quem se candidata e resignação em quem é eleito. A custo quem se candidata é o melhor, a custo a comunidade escolhe o pior. Está tudo dito sobre os dois tipos de eleições e a qualidade dum e doutro chefe.
" - Mário Cabral in Diário Insular

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