IV. ECONOMIA
1. ELOGIO DA POBREZA
"Talvez seja o maior repto da nossa cidade: ninguém vai querer ser rico em Maranatha, muito menos os responsáveis farão o discurso da nação forte economicamente.
Tal não significa apologia da miséria.
Tal não significa que a riqueza vá ser proibida.
Uma coisa é ser rico, outra é querer sê-lo. O mal está sempre no segundo caso, embora não no primeiro, de forma necessária. Dois exemplos: uma pessoa pode herdar uma fortuna que nem desejou e utilizá-la para praticar a caridade; o trabalho honrado pode enriquecer alguém.
Desejar ser rico é estar muito confundido acerca da essência da felicidade e preparar-se para vender a alma ao Diabo, passando por cima de pessoas e de princípios morais para atingir o dinheiro e a influência que o poder económico promove.
Para além de ser, na sua essência, um desejo imoral, torna-se logo numa ambição anti-social, porque quem almeja ser rico pensa primeiro no seu interesse pessoal e nunca está disposto ao sacrifício que o bem comum muitas vezes exige.
Portanto, mais importante do que os particulares de Maranatha não quererem ser ricos será o rei, o senado e o governo não provocarem nem por discursos nem por acções a ideia de que o bem-estar material é determinante para a saúde da Pátria, o que é falso, ao contrário daquilo que se ouve – era para a América e a Europa serem o céu na terra!
Jamais economia ou gestão terão aqui lugar cimeiro. Os políticos formar-se-ão em Humanidades, havendo segundos lugares técnicos para os excelentes em contas. Ideias primeiro; números depois.
Byron tem aqueles versos famosos sobre os impérios: «primeiro a liberdade e a glória; quando estas falham, vem a riqueza, o vício e a corrupção – e, por último, a barbárie»." - Mário Cabral in Diário Insular
Sem comentários:
Enviar um comentário